Maratona Internacional de Porto Alegre, Festival de Balonismo de Torres, Noite dos Museus, Festa Nacional do Chimarrão e Festival Turá. Estas são apenas algumas das atividades programadas para as últimas semanas e que acabaram sendo transferidas ou canceladas em função da situação climática que vive o Estado.
Uma pesquisa do Observatório de Turismo da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul (Setur), em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), aponta que dois em cada três eventos turísticos foram afetados pela enchente e suas consequências.
O levantamento, com 227 dos 497 municípios gaúchos, foi realizado com gestores municipais responsáveis pela pasta do Turismo. Entre os danos, estão 73,1% de atrativos privados atingidos e 55,5% atrações públicas. A estimativa inicial apontada pela maioria é de um prazo de pelo menos dois meses para a recuperação.
— Quando a gente analisa quais são as principais necessidades para a retomada, junto com esses gestores, eles indicam os acessos e instalações, recursos para recuperar o que foi prejudicado e, em terceiro lugar, a divulgação da região e dos municípios — detalha o coordenador do Observatório de Turismo, Antônio Pedro da Costa e Silva Lima.
Lima defende que, assim como existe uma campanha para a compra de produtos gaúchos, é necessário pensar em uma promoção de experiências turísticas menos afetadas dentro do próprio Estado - ou seja, o gaúcho visitando e consumindo em cidades vizinhas. Da mesma forma, o turismo é sistêmico e há a interdependência dos atrativos.
— Temos o dado de que 71,2% dos municípios têm algum tipo de dano em via de circulação de visitantes. Isso é muito grave e precisamos de um esforço conjunto para a recuperação das cidades. Como um exemplo, a situação do Aeroporto de Porto Alegre impacta fortemente em Gramado. Não podemos recuperar só um município — complementa.
Pauta emergencial do setor
Outros dados da pesquisa, que aparecem também em questionamentos feitos a 600 empreendimentos no setor do turismo, mostram que 81% tiveram as operações reduzidas ou paralisadas, quase metade teve ou ainda tem restrições nas equipes de trabalho e 88,8% afirmaram ter realizado cancelamentos.
— O Estado, em conjunto com governanças locais, iniciativa privada, associações e entidades do setor tem uma pauta emergencial definida e aprovada. Ela está centrada em quatro pilares: a restauração da conectividade aérea e rodoviária, a recuperação da infraestrutura, a retomada do fluxo turístico, assim que possível, e a intensificação da promoção turística nacional e internacional — ressalta o secretário estadual de Turismo em exercício, Luiz Fernando Rodríguez Júnior.
Cancelamentos...
Já no segundo dia de realização, 2 de maio, o 34º Festival Internacional de Balonismo de Torres anunciou o cancelamento da programação. A medida seguiu o decreto de calamidade pública estabelecido no Rio Grande do Sul.
— O cancelamento se fez necessário entendendo a situação que o Estado e o povo gaúcho vêm passando. O momento agora é de solidariedade e reconstrução. Torres é a porta de entrada do RS e a cidade está à disposição da Defesa Civil Estadual para o que for preciso —frisa o prefeito, Carlos Souza.
... remarcações
Em outros casos, organizadores buscam a possibilidade de reagendamento dos eventos, como ocorre com a Maratona Internacional de Porto Alegre. A corrida estava marcada para os dias 15 e 16 de junho, mas foi remarcada para 28 e 29 de setembro de 2024. "A decisão do adiamento foi difícil. Mas não há como ser diferente diante de toda a situação que envolve o Estado e Porto Alegre", diz, em comunicado oficial.
De acordo com a prefeitura de Porto Alegre, foram 140 pedidos de alteração de eventos entre os dias 1º e 20 de maio.