O jornalista e professor Flávio Porcello, 70 anos, morreu por falência múltipla dos órgãos na madrugada deste domingo (7). Ele estava internado no Hospital São Lucas da PUC, em Porto Alegre, em decorrência da covid-19.
Ele estava internado desde 30 de setembro. A cerimônia de despedida ocorrerá na capela 2 do Memorial e Crematório Angelus, na Avenida Porto Alegre, 320, na Capital, das 10h às 15h.
— Ele foi um guerreiro, lutou pela vida. Mas essa doença é traiçoeira, pegou ele muito forte desde o começo. Não tinha comorbidades, não fumava, estava a três dias de fazer a terceira dose da vacina, usava máscara e acredita na ciência — disse a filha Paula Porcello, 34 anos, também jornalista.
Na quarta-feira (3), Paula havia informado por uma rede social que o pai enfrentava uma nova infecção no pulmão e seguia sedado. Ele estava entubado desde 5 de outubro e tinha a pressão arterial controlada por medicamentos.
Professor de TV na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e profissional que atuou em diversos veículos no Estado, Porcello recebeu uma corrente de orações e desejos de recuperação pela redes sociais. Neste domingo (7), Paula, que é filha única e morava com ele, contou estar amparada por esta corrente, recebendo dezenas de mensagens de carinho e apoio.
— O pai acreditava muito na ciência. Antes de ser entubado, me disse para fazerem o que precisava ser feito. Era alegre, contente com a vida. Dizia que o jornalismo é nossa alma, uma vocação. Era exemplo e incentivava as pessoas a não desistirem da profissão — contou a filha, que também foi contaminada pela covid-19, mas se recuperou sem precisar internação.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors), onde ele foi membro da Comissão Ética em três gestões, destaca que Porcello passou por empresas como TV Gaúcha (hoje, RBS TV), Globo, SBT, Pampa e Estadão. Escreveu nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã, O Globo, O Estado de São Paulo e Gazeta Mercantil. É autor do livro TV Universitária: Limites e Possibilidades. Ele se formou em Direito em 1976 e em Jornalismo em 1977 pela UFRGS, tinha mestrado e doutorado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS). Chegou à TVE-RS como diretor de programação e, depois, como diretor de Marketing e Relações Institucionais. Atualmente, era diretor do Departamento Universitário da ARI, depois de ser professor universitário e responsável pelas tevês universitárias na UFRGS e na PUCRS.
No período de internação, Paula publicava relatos constantes sobre o quadro de saúde do pai. Neste domingo, a mensagem foi de despedida:
“Minha dupla imbatível, meu melhor amigo, meu grande amor. Hoje, com muita dor no coração, comunico que o meu amado pai Flávio Porcello perdeu a batalha para a covid. Não sem antes lutar muito bravamente pela vida, sempre acreditando na ciência, nos médicos e na vontade de viver.
Ele deixou, com certeza, o mundo mais alegre e mais colorido, sempre otimista e vendo o lado bom das pessoas e das situações. Com a maior honra eu carrego o nome dele por esta vida afora e colho os frutos de tudo que ele plantou. Os amigos que o pai me deixa são minha maior herança.
Obrigada, queridos. Foram quase 40 dias de orações, pedidos de sangue, desejos de boas notícias, preces, carinhos, correntes de fé.
O pai está eternamente representado por mim, pela nossa família, pela vó (do alto da sabedoria e da coragem dos seus 93 anos), pelos amigos, alunos, colegas e por todos que, de alguma forma, foram tocados por ele.
Eu só tenho orgulho e amor no meu coração.
Um grande beijo
Ps: foram duas doses da vacina e muitos cuidados durante a pandemia. Se cuidem, por favor!”
Manifestações
Presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), José Nunes lamentou a perda: "O Jornalismo Gaúcho e Brasileiro fica mais pobre hoje. É com muita dor no coração, que comunico o falecimento do Diretor do Departamento Universitário da Associação Riograndense de Imprensa ARI, Flávio Porcello. Um grande repórter, professor universitário e acima de tudo um grande amigo. Que Deus dê forças para toda a família neste momento de dor e despedida", escreveu.
Presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e colunista de GZH e Zero Hora, Marcelo Rech também se manifestou:
— Mais que um colega na RBS, Porcello foi uma referência para mim e a minha geração como repórter e profissional: criativo, íntegro e talentoso.
— É uma grande perda. Importante destacar o papel dele próximo ao sindicato e a atuação na comissão de ética. Por três mandatos, ele foi da Comissão Estadual de Ética do sindicato. E quando eu presidia a comissão nacional, ele me chamava para palestrar para os alunos. Isso é valoroso. Foi um repórter, jornalista e professor exemplar — destacou Vera Daisy Barcellos, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado.
Carla Seabra, diretora-executiva do Sindicato dos Jornalistas do RS, lembra que era chefe do núcleo de Esportes da então TV Gaúcha, hoje RBS TV, quando Porcello foi contratado como repórter:
—Em seguida, ele virou repórter de rede, que era um status bacana, porque era repórter que fazia matérias para Jornal Nacional e outros programas da rede.
Porcello e Carla integravam um grupo de WhatsApp chamado TV GAÚCHA, que reunia 42 participantes, pessoas que trabalharam juntas desde a década de 1980.
— Fazíamos corrente de orações e energias diariamente, às 18h. Ele teve momentos de melhoras, que nos deixavam cheios de esperança, mas essa doença é surpreendente e, de repente, ele começou a piorar nos últimos dias — contou Carla.