O sol a pino e o calor de 29º C neste domingo (22) levaram milhares de moradores do Vale do Sinos e de outras parte da Região Metropolitana e da Serra a Ivoti, cidade de colonização germânica situada às margens da BR-116, no trecho que liga Porto Alegre à Nova Petrópolis. O motivo: a retomada de um dos mais tradicionais festejos das comunidades de origem alemã, a Festa do Mel, Rosca e Nata.
Em sua 14ª edição, o evento é organizado na Feitoria Nova, localidade cortada pelo Arroio Feitoria, repleta de casas no estilo enxaimel - construção típica alemã, muito colorida e de telhados inclinados. É própria para não acumular neve na Europa, problema inexistente no Brasil, mas herdada pelos descendentes germânicos. Algumas dessas casas estão preservadas como na época da imigração, quase 200 anos atrás. Os visitantes de Ivoti podem, inclusive, conhecer um museu repleto de moendas de cana de açúcar (usadas na fabricação de cachaça), de fornos a lenha para pão, de pilões para moer grãos.
A verdade é que a festa em Ivoti tem muito mais que o mel, a rosca e a nata que lhe emprestam o nome. É uma celebração de valores e culinária de origem colonial: alemã, sobretudo, mas também italiana e açoriana. O visitante pode comprar rapadura (iguaria portuguesa-indígena), copa (espécie de embutido de carnes nobres, de origem italiana), quindins (origem africana), caldo de cana e cachaça da boa (bebida típica brasileira), além de pães caseiros, vinhos, sucos de uva e laranja, porco defumado à moda alemã, queijos diversos à moda italiana (inclusive embebidos em vinho).
Alguns itens estão abaixo do preço praticado nas feiras da Capital, como o mel, a copa e as carnes defumadas. Outros, como os queijos e os doces, estão na média. E alguns destaques, como a cachaça, estão acima da média cobrada na maioria das cidades - mas que cachaça! Duas das marcas de Ivoti, concorrentes entre si, acumulam prêmios nacionais entre júris de apreciadores da caninha. As garrafas são, mais do que vasilhames, ornamentos em vidros especiais. Sem esquecer dos licores de frutas cítricas, típicas dos vales.
O preço do almoço varia de R$ 20 a R$ 50, servido em porções fartas. Um bufê de comida colonial (galeto, massa, salada de batatas, linguiça, repolho e saladas diversas) sai por R$ 30. Espetinhos custam R$ 10 cada (é necessário no mínimo dois para diminuir a fome, por pessoa). Por R$ 49,90, se saboreia um café colonial com iguarias alemãs - é o mesmo preço de um churrasco com salada.
E o bom de tudo isso é que não é cobrada entrada. Um pouco difícil é encontrar lugar para estacionar, mas sempre se consegue. Estacionamentos pagos cobram R$ 10 por veículo.
— Isso aqui é um paraíso, venho todos os anos. Só falhamos em 2020, quando não teve, por causa da pandemia. Tem comida boa, bandinha alemã, gente alegre — comenta a recepcionista Andrea Arrieche, moradora de Novo Hamburgo. Ela compareceu à festa em companhia do marido, o mecânico Luiz Lange, e do filho Vicente, 10 anos, que nasceu em Ivoti.
— Nasci e me criei vindo aqui. Eu gosto de tudo, mas o melhor é o pão de queijo e os doces — entusiasma-se o guri, entretido com um pote de sorvete.
E haja sorvete para tanto calorão. O bom é que muito mato cerca o vilarejo onde é realizada a festa. Alguns locais têm caramanchões, outros apenas bancos embaixo das árvores, bons para pegar uma sombra. Os mais corajosos se aventuraram por trilhas em direção a uma cascata da região. Poucos, porque o sol estava castigando.
— Cabem 2,5 mil pessoas ao mesmo tempo dentro dos estandes. Mas ao longo de um dia, conseguimos de 10 mil a 15 mil visitantes — comemora Juliana Birk, chefe de gabinete da prefeitura de Ivoti.
A festa, que começou dia 20, prossegue na próxima sexta-feira (27) e termina dia 29. Prost!