Hippie pós-moderno? Comedor de alface? O perfil do vegetariano ultrapassou os estereótipos das últimas décadas e hoje atrai de adeptos da alimentação natural a até quem não dispensa junk food. Inédita, nova pesquisa Ibope Inteligência aponta que 14% dos brasileiros com mais de 16 anos - cerca de 22 milhões de pessoas - concordam parcial (6%) ou totalmente (8%) com a afirmação "sou vegetariano".
Na mesma tendência, estudo da Kantar Ibope Media aponta que, de 2012 até o ano passado, cresceu de 8% para 12% os adultos (de 18 a 75 anos) que se declaram vegetarianos nas Regiões Sul e Sudeste do país e nas áreas metropolitanas de Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília.
— Deixou de ser uma escolha restrita a um grupo. Hoje toda família tem um vegetariano, um vegano — diz Cynthia Schuck, coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
Para ela, mesmo que nem todos sigam o vegetarianismo de forma estrita (entenda abaixo), se reconhecer como tal é positivo.
— São pessoas que se identificam e estão no caminho. E, para o mercado, já é um público que conta.
Dentro do vegetarianismo, há algumas subdivisões referentes ao consumo ou exclusão de determinados alimentos. Há que consuma ovos (ovovegetarianos), leite e derivados (lactovegetarianos), leite e ovos (ovolactovegetarianos) ou que eliminam tudo o que é de origem animal, os chamados vegetarianos estritos – que é diferente do veganismo (leia mais abaixo).
Motivação
Professora do Departamento de Sociologia e Política da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Juliana Abonizio aponta que a religião foi o motivo predominante décadas atrás, enquanto hoje cresce a motivação ambiental, por saúde ou por não concordar com a exploração animal:
— Tem gente que começa pela saúde e depois vira militante.
O vegetarianismo "saiu do obscurantismo", resume a professora de Psicologia da Universidade Brasil, Pâmela Pitágoras, que estudou o tema no doutorado:
— Quando uma coisa começa a crescer, a ser divulgada, atrai mais pessoas.
Vice-presidente da Associação Alagoana de Nutrição, Viviane Ferreira aponta que a procura de um nutricionista especializado e a realização de um check-up são importantes na transição.
— É preciso aprender a comer mais vegetais, o que as pessoas no geral não comem, mas é um mito achar que vegetariano é anêmico — aponta.
A pesquisa Ibope ouviu 2 mil pessoas em 142 municípios de todas as regiões do país e classes sociais. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
A expansão do veganismo
Segundo pesquisa inédita do Ibope Inteligência, 49% dos brasileiros com mais de 16 anos acham que produtos veganos podem ter a mesma qualidade dos que contêm ingredientes de origem animal e 60% comprariam produtos do tipo se custassem o mesmo que os demais. Atualmente, 551 produtos de 60 empresas têm o Selo Vegano, da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que encomendou a pesquisa do Ibope.
Ao contrário do vegetarianismo estrito, o veganismo é considerado um estilo de vida no qual seus adeptos buscam, dentro do possível, evitar o sofrimento animal, explica a nutricionista Cristiane Parizotti. Isso vai além da alimentação e se estende para o não uso de roupas de couro ou de lã, e de cosméticos e produtos testados em animais.
Considerados saudáveis por grandes entidades de médicos e dietéticas, ambos tipos de alimentação precisam de um acompanhamento especializado. A recomendação é procurar um nutricionista para orientar sobre as substituições e combinações de alimentos que não trarão prejuízos para a saúde.
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