O depoimento de Luís Augusto, estudante universitário de 21 anos, sobre a experiência de se descobrir bissexual faz parte da reportagem Amor sem gênero, que retrata adolescentes e jovens adultos que se sentem atraídos pela personalidade e pelas afinidades de uma pessoa - não importa se é homem ou mulher.
“Sempre fui hétero. Até o início de 2017, me relacionava só com mulheres. Às vezes, eu notava um pouco de atração por outros homens, não sei se eu não aceitava direito, mas eu não dava muita bola, ou não tratava do jeito que comecei a tratar, volta e meia eu reprimia. Estou deixando esse sentimento tomar um pouco mais de espaço. Quando comecei a me permitir um pouco mais, ‘se é para sentir atração, vou sentir atração’, independentemente da pessoa que está ali, do gênero da pessoa, aí realmente comecei a ver que sou bissexual, e não heterossexual. Eu me realizava totalmente com mulheres, sentia atração. Pelo fato de eu gostar de um gênero a mais não quer dizer que eu perdi a atração pelo outro. Só complementou. Eu diria que não é 50% a 50%, pendo mais para mulheres.
Minha primeira vez com um homem foi meio estranha. Foi tão estranha quanto a primeira vez com uma guria. Eu estava gostando, mas chegou um momento em que me senti muito desconfortável, como se estivesse me forçando a fazer aquilo. Aí cortei. Minha experiência mais íntima até agora foi essa, depois já fiquei com outras pessoas. Teve algumas experiências que achei invasivas da parte deles. São coisas que eu não gostaria de fazer com uma guria. Às vezes, sinto que o público gay acha que, só porque você é gay, você tem muitas liberdades, existe menos pudor.
Já namorei firme meninas e gostaria de ter a possibilidade de ter um relacionamento sério com um cara. Hoje, na minha situação atual, em função de algumas questões com a minha família, não me vejo namorando um cara, embora eu quisesse ter essa possibilidade. Minha mãe já me disse que, se eu aparecer com um cara, ela não vai achar normal... Contei para ela no ano passado. Eu disse que era bissexual, que sentia atração por pessoas do mesmo sexo e que isso estava fazendo parte da minha vida. A reação dela foi bem estranha. Para o meu pai não falei.
A personalidade é o que faz você se apaixonar, não necessariamente a aparência em si.
LUÍS AUGUSTO
Estudante universitário
Busco um parceiro com quem possa falar sobre tudo. Gosto muito de música. O que mais me mantém interessado é o interesse da pessoa. Mesmo que ela não saiba nada sobre música, posso falar horas sobre isso para ela. Se ela estiver interessada também, vou ficar feliz. Quero um parceiro inteligente, humilde, confiável, que goste de gatos e que tenha algum interesse em comum. A personalidade é o que faz você se apaixonar, não necessariamente a aparência em si. Com essas características, posso me apaixonar por um homem ou por uma mulher, com certeza.”