A filha transgênero da promotora de uma campanha homofóbica no Chile anunciou nesta terça-feira (28) que mudará de sexo em seu registro civil, um dia depois que sua mãe acusou o Movimento de Libertação Homossexual (Movilh) de ser imoral por divulgar o caso.
A jovem transgênero de 19 anos, que vai realizar o processo de mudança de nome e sexo no registro civil, declarou que decidiu divulgar a sua decisão "para apoiar aqueles que estão passando por uma situação como esta".
— É possível seguir adiante apesar das circunstâncias — afirmou Carla Gonzalez Aranda, filha de Marcela Aranda, uma ativista que liderou em julho uma caravana de ônibus do movimento ultra-católico espanhol Hazte Oír, que percorreu o país em campanha contra a homossexualidade e a identidade de gênero.
A jovem transgênero disse em uma coletiva de imprensa ao lado do presidente do Movilh, Rolando Jiménez, que a chegada do auto-intitulado "ônibus da liberdade" ao Chile não teve relação com seu processo. Carla afirmou que não tem contato com sua família há três anos e que se sentiu "discriminada" pelo movimento liderado por sua mãe.
Na segunda-feira (27), Marcela Aranda declarou que continuará amando seu "filho", enquanto denunciou a animosidade do Movilh no caso.
— O uso de sua pessoa, imagem e intimidade é uma estratégia cruel e imoral para atingir seus objetivos. Não se importam de expor e prejudicar a vida do meu filho — afirmou.
A chegada do ônibus homofóbico provocou a rejeição do governo da socialista Michelle Bachelet, que, contudo, não pode negar o direito do veículo circular. A resposta do Movilh foi levar às ruas um "ônibus da diversidade".