Apesar do resultado positivo da produção e venda em junho e no primeiro semestre, a queda das exportações e a alta nas importações levaram a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) rever para baixo a projeção da produção no país.
A exportação teve a maior revisão em relação a projeção feita no final do ano passado. A expectativa de alta de 0,7% passou para a queda de 20,8%. Com essa queda somada à alta nas importações, o crescimento previsto de 6,1% caiu para 4,9%.
-Se os emplacamentos de importados e as exportações do 1º semestre de 2024 tivessem sido iguais aos volumes registrados no mesmo período de 2023, o aumento da produção seria de 11%, o que dá uma dimensão do desafio que precisamos enfrentar”, afirmou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
As vendas internas com a média diária de 10.715 unidades foi o melhor junho desde 2019. O volume foi bem próximo ao que se verificava antes da pandemia. A nova projeção da Anfavea passou de 6,1% para 10,9%, com 2,560 milhões de veículos.
Linha de montagem
A produção de 211.035 veículos em junho saltou 26,6% na comparação com maio e 11,6% em relação com o mesmo mês de 2023. Foram 159.251 automóveis, mais 11,4% na comparação com maio.
Os comerciais leves somaram 37.200 unidades, mais 44,2% sobre o mês anterior e menos 0,8% na comparação com igual período de 2023
Os caminhões cresceram 9,5% com 12 mil unidades sobre maio e 74,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os 2.639 ônibus caíram 3,4,7% sobre maio mas saltaram 35,5% em relação ao mesmo mês de 2023.
Mercado doméstico em alta
A venda de 214.304 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus aumentou 10,3% sobre maio e 13,1% na comparação com o mesmo mês em 2023. Automóveis e comerciais leves foram 202.584 mais 10,4% em relação ao mês anterior e mais 12,6% em relação ao mesmo mês de 2023.
O registro de 9.882 caminhões aumentou 4,6% em relação a maio e saltou 26,6% sobre um ano antes. Os 1.738 ônibus saltaram 35,5% na comparação com maio e menos 2,0% na comparação com o ano passado.
Primeiro semestre
A produção acumulada no primeiro semestre de 1,131,968 veículos cresceu 0,5% sobre 2023. Foram 1.075.256 automóveis e comerciais leves. Apenas automóveis foram 871.743, menos 2%, e comerciais leves, 203.513, mais 0,4%.
Os 47.173 caminhões, saltaram 36,5% na comparação com o primeiro semestre de 2023. Já os 9.539 ônibus cresceram 53,8%.
A venda acumulada de janeiro a junho de 1,144 milhão de veículos aumentou 14,4% sobre 2023. Foram 1.052.684 automóveis e comerciais leves, mais 15,4 %; 52.547 caminhões, mais 8%; e 11.322 ônibus, menos 21,7%.
Do estoque de 235,4 mil veículos, 133,7 mil foram das concessionárias e 101,6 mil das montadoras. O estoque foi equivalente a 33 dias, sendo 19 nas lojas e 14 nos pátios das montadoras.
Exportação em queda
A exportação acompanha o desaquecimento dos mercados da América do Sul com resultado negativo. O crescimento de produtos asiáticos nesses países também prejudica os embarques brasileiros, destaca a Anfavea. Foi o pior semestre desde 2009, excetuado 2020, auge da pandemia.
Os 28.957 veículos embarcados representaram o aumento de 8,2% na comparação com maio e queda de 20,9% sobre um ano antes. Em valores, foram US$ 802.544, menos 2,4% sobre maio e menos 20% sobre o ano anterior.
O embarque de 165,3 mil veículos de janeiro a junho despencou 28,3% em relação a igual período do ano passado. Em valores, foram US$ 5,806 bilhões, menos 15,6% em relação a 2023.
Importação acelerada
Boa parte do crescimento do mercado interno é decorrente dos veículos importados, em especial da China. Pelos dados da Anfavea, quase 200 mil emplacamentos no semestre foram de modelos importados, 38% a mais do que no mesmo período do ano passado. Dessas 54,1 unidades a mais, os veículos de origem chinesa representaram 78% do total, com alta de 449% sobre o 1º semestre de 2023.
-Temos o Imposto de Importação mais baixo para modelos elétricos de origem chinesa no planeta, entre os países produtores, o que serve de atrativo para a importação acima de um saudável patamar de equilíbrio. Isso vem prejudicando nossa produção e ameaçando nossos investimentos e empregos. Por isso a demanda urgente da elevação do Imposto de Importação para 35%, como ocorre com outros importados. E que seria um patamar relativamente baixo frente ao de outros mercados importantes”, explicou o presidente da Anfavea.
Lima Leite também atacou a proposta de incluir automóveis e comerciais leves no Imposto Seletivo, dentro da Reforma Tributária. “Os contribuintes brasileiros já pagam impostos além da conta e não faz sentido pagar mais caro por um ar mais poluído.
- O Imposto Seletivo foi concebido com o objetivo de reduzir o consumo de produtos considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente. Ao adotar a medida, iremos na contramão, dificultando o acesso a modelos menos poluentes e mais seguros, e retardando de forma temerária e renovação da frota nacional - justificou o executivo.