Claudia Chiquitelli
Especial
A Ford Europa criou um treinamento de inteligência emocional para seus empregados, especialmente os ligados às áreas de engenharia, que, além de atender à demanda cada vez mais exigente dos consumidores e acompanhar a evolução atual do mercado, precisam desenvolver os carros do futuro. Realizado juntamente com a Universidade de Aachen RWTH, da Alemanha, esse programa visa a ampliar a formação de profissionais da área de engenharia que, tradicionalmente, tem foco em habilidades técnicas, conhecimento e criatividade.
Para o projeto, a Ford realizou um estudo com engenheiros e outros técnicos na Alemanha para conhecer a sua capacidade de escutar, entender e inspirar outros colegas, o que representa até 31% da efetividade do trabalho realizado.
Na pesquisa, os empregados responderam se gostam de seu local de trabalho e como eles cooperam e discutem ideias para o futuro. O estudo também descobriu que é possível prever a empolgação dos engenheiros em relação aos seus projetos apenas pela forma como esses trabalhos são comunicados.
– Ao contrário da percepção comum, esses profissionais não trabalham sozinhos. Eles atuam em equipes multidisciplinares. A habilidade de contribuir com outras pessoas é uma característica importante – avalia o professor da Universidade Case Western Reserve (EUA) Richard Boyatzis.
A Ford conta com uma rede de 10 centros de engenharia e pesquisa avançada em todo o mundo que reúne o talento de 25 mil engenheiros – incluindo Merkenich, na Alemanha; Dunton, na Inglaterra; e Golcuk, na Turquia. A empresa abriu recentemente o Hub de Inovação de Merkenich, que oferece oficinas sob demanda a seus empregados, com sessões voltadas a estimular a criatividade, acesso a pesquisas e consulta de patentes.
Identificando emoções
– A inteligência emocional consiste em ser capaz de identificar suas próprias emoções e as de outras pessoas e em saber como gerenciar esses sentimentos – explica a mediadora e responsável pela equipe da área de Treinamento e Consultoria da Ford Europa, Rocio Luna.
Rocio diz que a montadora está treinando seus engenheiros para que eles possam reconhecer seus próprios sentimentos e detectar os dos outros para que consigam lidar melhor com as situações, como no caso de uma pessoa irritada que poderá causar problemas, ou alguém feliz que estiver disposto a colaborar ou quando uma pessoa estressada quiser conversar.
Em uma era em que a importância da inteligência artificial e dos robôs está crescendo, espera-se que as pessoas priorizem as habilidades que esse mecanismo não é capaz de reproduzir, ou seja, entender, motivar e interagir com seres humanos.
– Em muitas escolas e programas de engenharia a inteligência emocional e social é tratada de maneira superficial. Mas as empresas estão enfrentando uma crise de motivação, pois três em cada quatro empregados não se sentem envolvidos com o trabalho. Nossa pesquisa demonstra como as emoções são relevantes no ambiente profissional – acrescenta Boyatzis.