Confira o teste com o hatch francês com pinta de aventureiro O novo motor SCE, introduzido para a linha 2017, modificou radicalmente o comportamento do Sandero Stepway. O hatch da Renault está mais econômico e, nesta versão, sempre com suspensão elevada em quatro centímetros em relação ao Sandero convencional, o veículo se mostra muito mais apto para encarar as vias brasileiras. É o que demonstrou o teste de uma semana (cerca de 500km) feito pela reportagem em estradas e vias urbanas.
À primeira vista, os R$ 60,7 mil pedidos pelo Stepway parecem salgados frente aos R$ 50,7 mil do convencional 1.6 (Expression). Até porque não há mudança no motor e no câmbio manual de cinco marchas. Mas, para quem valoriza a parte estética, a diferença é grande. Os para-choques têm detalhes pretos nas laterais que deixam o visual mais aventureiro, e as lanternas traseiras são escurecidas. As rodas têm 16 polegadas (o tradicional, 15) e usam pneus mais largos. No teto, um belo rack enfeita o veículo mais caro, que tem ainda proteção plástica nos para-lamas e, em seu interior, bancos mais modernos e com detalhes coloridos – não são de couro.
A tela multimídia de sete polegadas conta com GPS e há ainda rádio, conexão Bluetooth, entradas USB e auxiliar. De acordo com a Renault, o sistema é sensível ao toque. Mas não pense em um sensível que, por exemplo, chora ao contemplar a natureza. Está mais para um sensível bagual: é preciso apertar os dedos com certa força na tela para que os comandos sejam acionados. Nada que atrapalhe, mas chega a ser surpreendente comparado ao sistema de outros carros. O navegador é fácil de usar.
A peça atrás do volante na qual é possível controlar o som, logo de cara, causa arrepios em quem não tem vivência em veículos Renault. Bem ao estilo francês, ela é cheia de estilo e nada de prática. As teclas não ficam visíveis, e se atrapalhar no começo é normal na hora de aumentar ou diminuir o volume, trocar de estação ou executar outros serviços. Mas, aos poucos, o condutor vai se acostumando. Ainda sobre o interior do veículo, destaque para os novos bancos, mais anatômicos e com detalhes nas costuras. A cor laranja dá um toque sutil às saídas de ar laterais e ao painel de instrumentos, que também tem contornos com preto brilhante. No raio inferior do volante, a inscrição Stepway pode desagradar os mais discretos.
Em termos de motor, os 98 cavalos (106 com etanol) não chegam a impressionar, mas como o torque (15,5 kgfm) chega a 1.500rpm, o Stepway é bastante esperto na condução urbana. O câmbio de cinco marchas tem engates precisos _ proporcionalmente, é melhor que o automatizado da versão Easy'R. A assistência da direção foi aprimorada em relação à geração anterior. Em altas velocidades, deixa o volante mais duro e, na manobras, exige esforço menor do condutor.
Mas o que mais ajuda na hora de estacionar é o excelente diâmetro de giro de 10,6 metros. Sair e entrar de vagas apertadas passa a ser uma ação bem mais fácil. Esse é apenas um dos trunfos para atrair um público mais comum no tráfego urbano: as mulheres. O outro atrativo para elas (que também funciona com homens com menos de 1,70m de altura) é a regulagem extraordinária da altura do banco do motorista. Faz o condutor do hatch se sentir em um SUV.
– O Stepway sempre foi o carro de desejo da linha, e agora está ainda melhor. O novo motor é mais econômico e gera menos gasto de manutenção também por não ter correia dentada. As mulheres que testam, dificilmente, trocam por concorrentes – assegura o gerente comercial da concessionária Iesa de Porto Alegre, Washington Secco.
A primeira geração do Sandero Stepway foi lançada no Brasil no fim de 2008, quando a Renault resolveu mexer na altura e dar ar mais aventureiro ao veículo. A aposta deu resultado: mesmo mais cara, a versão tem cerca de um terço de participação das vendas do Sandero. Carro mais vendido da marca, o Sandero tem a dura missão de encarar fenômenos de venda como Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Em vendas e em performance, o francês não faz feio.