A cena de um ginásio completamente lotado, vibrante e feliz fez o Brasil se reencontrar com as Olimpíadas. Embora nossos atletas do tiro com arco Ana Luiza Caetano e Marcus Vinícius D'Almeida já estivessem em ação nas suas provas, foi no handebol feminino que se deu o esperado reencontro.
Para quem viveu os Jogos de Tóquio em 2021, a falta de torcedores foi algo surreal, e os esportes coletivos foram os que mais sentiram isso. A vitória arrasadora das brasileiras sobre a Espanha por 29 a 18 coroou uma festa que não se via desde 2016, no Rio de Janeiro.
Mesmo se as espanholas tivessem vencido, também haveria euforia, porque a torcida era grande para elas também. O que importou na Arena 6 do Parque de Exposições de Paris foi que as arquibancadas não foram vistas...Estavam ocupadas.
DJ ambulante para animar as Olimpíadas
Na chegada paras as competições no Parque de Exposições de Paris, já se entrava na balada. O som ritmado e a batida alta definiam o ambiente, com os recados da DJ e as mixagens dignas das grandes festas.
Onde estaria a mestra de cerimônias e sua moderna mesa de som? No meio dos torcedores que chegavam.
Emilie Pajak é o nome dela. Sua missão, circular entre as pessoas com um equipamento compacto, composto com uma pequena mesa com botões à sua frente e às costas, uma potente caixa de som nas costas como uma grande mochila.
Nem o tamanho da bagagem impediam Emilie de dançar e interagir com quem chegava. Sonzeira total, agradando a todos com um repertório dançante e alegre.
A garota de Anchieta chorou de emoção novamente
Não são todas as competições olímpicas que apresentam execução de hinos nacionais antes das disputas. Apenas nas modalidades coletivas se vê com frequência este rito protocolar.
No handebol feminino foi onde se ouviu pela primeira vez em Paris o hino brasileiro, antes do confronto com a Espanha. Torcedores e atletas fizeram um nítido coro que já serviu para criar clima de emoção.
Chamou a atenção entre as jogadoras o choro convulso da jogadora Mariane que, ao final da apresentação, foi abraçada por colegas e enxugava os olhos com o casaco do agasalho.
Começando no banco, ela entrou durante a partida e marcou um golaço, enganando a goleira da Espanha e colocando a bola no ângulo.
Foi a comemoração mais efusiva entre todas as 29 da equipe na belíssima vitória de 29 a 18. O sorriso foi largo e os abraços múltiplos.
Nascida na comunidade de Anchieta, no Rio de Janeiro, Mariane já havia se emocionado muito e derramado lágrimas ao receber a sua primeira credencial olímpica, sintetizando nas seguintes frases:
— Eu nasci na favela. Olha onde eu cheguei. Deu certo. Vale a pena.
É proibido se apertar
O Parque de Exposições de Paris é um complexo de pavilhões extremamente grande, organizado e bonito. No local, na região Porte de Versailles, são realizados os mais variados eventos, como convenções, mostras da indústria, de serviços e até a grande feira agropecuária da capital francesa.
Em termos de Olimpíadas, apenas parte do espaço está sendo usado, o que é suficiente para sediar jogos de vôlei, handebol e o tênis de mesa em arenas diferentes sem que haja confusão.
Há, porém, um gravíssimo problema: são poucos e pequenos os banheiros disponíveis, seja para quem está trabalhando ou para os visitantes.
No jogo de handebol do Brasil contra a Espanha havia enormes filas para dois sanitários químicos que eram usados indiscriminadamente por homens e mulheres em cada um dos quatro setores de arquibancadas. Foi o festival da fila e do aperto.