A Rainha do Brasil já chegou à Vila Olímpica de Paris. A ginasta Rebeca Andrade se notabilizou no atual ciclo por saber carregar os resultados obtidos em Tóquio — uma medalha de ouro e uma de prata —, conviver com o estrelato e encarar com naturalidade a possibilidade de multiplicar pódios em Paris.
Sua equipe, aliás, foi a primeira a colocar a bandeira brasileira nos alojamentos oficiais dos Jogos. Ela acrescentou maturidade ao que já demonstrava em 2021, manteve o rendimento técnico e absorveu bem a condição de celebridade com seus mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais.
Não é sonho ou delírio torcer para que fature seis medalhas, tornando-se o maior nome da história olímpica do Brasil. A lembrar: Rebeca compete no individual geral, na prova por equipes e pode estar na disputa dos quatro aparelhos da ginástica artística feminina.
Os anti-olímpicos
A rejeição de parte da população parisiense à Olimpíada não se constitui em novidade. Praticamente todas as cidades-sede dos Jogos enfrentam protestos pela realização do evento.
Em Atenas, em 2004, os gregos reclamavam que o país estava gastando demais e que o povo tinha dificuldades em meio à adoção do euro como moeda.
Em Pequim, ainda que contidas pelo governo, os chineses tentavam alertar para a questão dos direitos humanos não respeitados no país.
Há três anos, em Tóquio, ainda se vivia o drama da pandemia e um medo japonês de que os visitantes espalhassem a covid-19.
Na França o que existe é um desconforto pelo impacto urbano numa das cidades mais movimentadas pelo turismo no mundo. Há turistas e moradores muito limitados em suas atividades e loucos da vida com as autoridades e a família olímpica.
As "leoas brasileiras"
Depois de duas vitórias com grandes atuações, uma sobre a Alemanha e outra sobre a Eslovênia, ambas nas casas adversárias, a seleção brasileira de handebol feminina, conhecida como "time das leoas", não foi bem, jogou mal e acabou derrotada em novo confronto com as alemãs.
O jogo foi neste domingo (21), em Sttutgart, e terminou com placar de 27 a 20. O time do técnico Cristiano Rocha será a primeira presença do Brasil em uma disputa na Olimpíada de Paris.
A estreia será na próxima quinta-feira (25), um dia antes da cerimônia de abertura, às 9h (horário de Brasília) contra a Espanha. As brasileiras lutam por uma inédita medalha olímpica no handebol, modalidade em que o país foi campeão mundial em 2013.
Reclusão da campeã
Com três medalhas olímpicas na carreira, outras oito em campeonatos mundiais (três de ouro) e dezenas de pódios em competições internacionais, Mayra Aguiar poderia simplesmente estar em Paris para encaminhar uma despedida olímpica digna de uma das maiores judocas da história sem precisar de resultado.
A gaúcha, porém, dá toda a certeza de que não se passeia em Olimpíadas. Chega a causar estranheza no seu próprio grupo de trabalho o quanto a campeã se isolou para a preparação.
As entrevistas e aparições públicas, até para patrocinadores, são raras. A concentração é total, tanto que no treino aberto da equipe, previsto para a próxima terça-feira, já há o aviso da assessoria de imprensa de que Mayra não deve falar aos jornalistas.
Não tem como não prever que há muita energia a ser descarregada nos tatames parisienses.
Vai ter peleia
Por motivos óbvios, envolvendo pandemia e distância de países ocidentais tradicionais em coberturas olímpicas, os Jogos de Tóquio em 2021 registraram um número bem menor de jornalistas nas mais diversas mídias em comparação com edições anteriores. Agora, o que se espera é cerca de 20 mil profissionais de imprensa credenciados.
O curioso é que o principal centro de imprensa (o MPC) nitidamente tem menos espaço para a atividade do que foi oferecido no Japão há três anos.
As chamadas "workrooms" (salas de trabalho) têm menos mesas, e espaço interno reduzido, o que já antevê disputas ferrenhas entre colegas por lugares na hora de se estabelecer com computadores e outros equipamentos.
Modelo brasileiro
O Comitê Olímpico do Brasil tem técnicas que vêm de outras edições dos Jogos e que passaram a ser referenciais em termos de estratégia e logística. Para o bem estar dos atletas, são providenciados aparelhos de ar-condicionado.
Havendo necessidade, as camas da Vila Olímpica são trocadas. Quem chega mais tarde dos treinos, fica em andares mais baixos dos prédios e quem dorme mais cedo fica nos pavimentos altos por causa do barulho.
São detalhes que podem significar uma medalha. Os prédios escolhidos, sempre com antecedência, buscam duas coisas: proximidade do refeitório e distância da Zona Internacional.
Repetindo algo que foi feito há 28 anos em Atlanta, até uma passarela foi construída por orientação do COB para diminuir distâncias a serem percorridas pelos competidores brasileiros.
Por tudo isto, o Comitê é consultado constantemente, orientando outros países na hora de Jogos Olímpicos, Pan-Americanos ou demais eventos poliesportivos.