Nós gostaríamos de estar nesta final, mas o Brasil não fará falta. França e Argentina é o duelo que reúne a seleção campeã mundo contra a campeã da América. Em campo, aqueles que, independentemente de escolhas ou troféus, são os melhores jogadores do mundo,
Messi, o mais consagrado, e Mbappé, aquele que não sabemos qual o limite para a consagração. Não há a possibilidade de dizermos que não houve justiça, seja qual for o novo tricampeão do mundo. Poucas vezes uma decisão será tão grandiosa quanto a que teremos no grande e belo Estádio Lusail neste domingo.
O futebol falará mais alto numa Copa em que muitos aspectos de fora de campo foram e merecem seguir sendo discutidos. Que sejam repensados novos "Catares" como anfitriões.
O xodó da Copa
É difícil não reconhecer que a Croácia, com sua bravura e resistência, liderada pelo grande Modric, não tenha méritos para ser terceira colocada na Copa. O detalhe, porém, é que do outro lado está Marrocos e toda uma nação árabe de muitos países desta região do mundo.
A torcida pintando de vermelho as ruas de Doha na última semana mexe com o coração de quem vê o futebol também como uma festa. Isso sem falar em méritos técnicos de um time que jogou para cima da poderosa França. Os croatas que nos perdoem, mas os marroquinos farão um terceiro lugar mais bonito e merecem a torcida.
Culto ao Falcão
Sem serem sagrados ou divinos, os falcões fazem parte da cultura árabe. Na antiguidade, os nômades e beduínos domesticavam e usavam as aves para caçar pequenos animais que serviam para alimentação humana nas travessias pelos desertos.
Hoje, a falcoaria segue tendo sua utilidade, como na proteção de áreas aeroportuárias, mas é muito mais nos países do oriente médio um animal de estimação e símbolo de altivez e perspicácia. Há lojas requintadíssimas que vendem falcões em Doha, alguns custando mais de 5 mil dólares.
A curiosidade é que os animais ficam expostos em "poleiros" amarrados por uma perna sem se mexerem. Tudo porque ficam com os olhos vendados para não se agitarem ou causarem riscos às pessoas. Na capital do Catar, há até um moderno hospital para os animais.
Mate sírio
Os argentinos são os maiores embaixadores do mate pelo mundo. Os brasileiros, principalmente pela gauchada, e os uruguaios também andam de cuia e garrafa pelos quatro cantos do planeta. A produção de erva-mate, no entanto, tem um reduto na Ásia. No Catar, é possível comprar erva produzida na Síria, país no qual existe o hábito do consumo de algo semelhante ao nosso chimarrão.
A inscrição no pacote do produto está praticamente toda em árabe, mas há algumas expressões em espanhol para atrair os mateadores sul-americanos. O produto é mais seco do que o que se tem no Brasil, mais próximo do que achamos nos países do Prata. O preço é mais alto em relação ao que pagamos em Porto Alegre, por exemplo. O quilo da erva síria custa o equivalente a 50 reais.
O nome da utopia
Não fosse a situação de saúde e a preservação que vem sendo necessária, não haveria nome melhor do que o de Muricy Ramalho para substituir Tite na Seleção Brasileira. O hoje coordenador técnico do São Paulo e técnico vitorioso em todos os clubes por onde passou tem um perfil ideal para mudar o que é preciso em relação ao que vinha sendo feito, mas sem radicalizar o processo, visto que há semelhanças entre sua maneira de trabalhar futebol com a de quem sai.
A ausência de algum tempo do comando de uma equipe — até comentarista ele foi recentemente — certamente não defasou Muricy. Ele, contudo, é uma lembrança inviável. Que bom se houvesse outro brasileiro parecido para assumir.