Reencontros amistosos
A passagem na área de entrevistas após o sorteio da Copa do Mundo fez com que vários treinadores tivessem conversas animadas e demoradas. A maior delas foi entre o espanhol Luis Enrique e o inglês Gareth Southgate. Em meio a jornalistas que queriam entrevistá-los separadamente, os dois técnicos ficaram cerca de 10 minutos trocando ideias. Volta e meia eles riam bastante e se despediram três vezes antes de realmente separarem. Talvez tanta informalidade se dê pelo fato de não estar previsto pelo desenho da tabela o encontro entre Espanha e Inglaterra antes das finais, seja pelo terceiro lugar como pelo título.
A primeira vitória
Era nítida a satisfação da comissão técnica do Brasil no final do dia do sorteio da Copa em Doha. Tal alegria não se devia à definição dos adversários na primeira fase ou ao chaveamento que projeta uma segunda fase possivelmente contra Portugal ou Uruguai. Conforme queriam os brasileiros, foi encaminhado no seminário entre os treinadores do mundial o aumento para 26 jogadores no número de inscritos e permitidos 15 no banco de reservas.
Além disso, foram mantidas as cinco substituições, originadas em função da pandemia. Na tabela de jogos, a sorte acabou coincidindo com a vontade brasileira de estrear na última data possível, 24 de novembro. Assim, avalia Tite, há mais tempo para treinamentos entre a apresentação dos atletas e a estreia no torneio.
O francês trocado
A apresentação do troféu na cerimônia do sorteio da Copa do Mundo teve uma substituição inesperada. Segundo o roteiro inicial, caberia ao ex-jogador ganês, naturalizado francês Marcel Dessailly entrar no palco com a taça ao lado do jovem Joris Filaferro. Dessaily foi campeão mundial em 1998 pela França e Filaferro, um garoto de 13 anos, ficou famoso por sua imagem nos ombros do pai ter circulado pelo mundo em função da conquista francesa na Copa da Rússia, há quatro anos. Ao ser chamada a dupla francesa para apresentar o troféu, quem apareceu foi o técnico da seleção, campeão em 2018 e capitão do time vitorioso em 1998 Didier Deschamps. Não houve uma justificativa no roteiro da festividade para a alteração.
Mexicano com inspiração gaúcha
Ele chama-se Héctor Chávez "Caramelo". A indumentária é um traje típico mexicano com direito ao indefectível "sombrero" com os símbolos das últimas Copas. Nas mãos, a bandeira de seu país e a indicação de sua cidade, Chihuahua. Ele é o torcedor símbolo do México, convidado permanente das celebrações da Fifa.
Caramelo, porém, se inspirou num gaúcho para compor seu personagem. Ele passou a carregar junto uma réplica da Copa do Mundo e garante que passou a fazer isso por influência de Clóvis Fernandes, líder já falecido do grupo "Gaúchos da Copa". Clóvis se tornou conhecido mundialmente no mundial de 2002, quando também foi reconhecido como torcedor símbolo do Brasil. O mexicano alimenta muito o sonho de decidir o título mundial com os brasileiros e fala em homenagear o Gaúcho, de quem se tornou amigo.
Terminou em festa
A cerimônia de sorteio da Copa do Mundo teve uma hora e meia de duração. Não houve contratempos na produção e nem confusão na parte técnica, sendo tudo bem explicado. Passado o evento, a atividade se seguiu com os técnicos concedendo entrevistas, algo que para alguns demorou mais de duas horas. Eles eram chamados pelos jornalistas e conduzidos para o atendimento individualizado aos repórteres, sempre dando prioridade para os jornalistas do respectivo país.
Saídos da área de imprensa, a chamada "zona mista", todos passavam por uma loja de produtos oficiais do Mundial, onde ganhavam algumas lembranças e se dirigiam para um grande salão, no qual havia uma farta mesa com jantar basicamente de comida árabe, mas com iguarias de outras origens. Entre os destaques da noite havia música ao vivo, com um grupo tocando temas pop ou da cultura árabe.
Como era um evento privado, a bebida alcoólica era permitida, havendo disponibilidade de vinho e da cerveja que é um dos patrocinadores da Copa do Mundo.
Flexibilidade no vestuário
Pode ser uma tendência para Copa, talvez pela dificuldade de fiscalização. Havia uma ordem clara no credenciamento para o sorteio do Mundial de que os homens usassem roupa totalmente preta em função do respeito ao mês do Ramadã que está começando. Tal determinação não surtiu efeito. Entre os presentes, convidados, credenciados e mesmo membros da organização, muitos foram os trajes das mais variadas cores. Nenhuma advertência foi registrada em quem não estava conforme a ordem anterior.
Charrua de poucos amigos
A descontração da maioria dos treinadores após o sorteio dos grupos da Copa não era vista no treinador do Uruguai. Com estilo de não muitas palavras e respostas pouco diretas até demais, Diego Alonso falou sobre os enfrentamentos que na primeira fase terá contra Coréia do Sul, Portugal e Gana:
Pergunta: Como viste o grupo definido para o Uruguai?
Resposta: Os quatro times podem se classificar para a segunda fase. Temos que respeitar todos. Temos muita confiança que poderemos passar.
P: Num primeiro exame dá para vislumbrar claramente o primeiro lugar do grupo?
R: Todos podem passar. Nós vamos buscar em cada partida os três pontos e, se ganharmos as três, estaremos certamente classificados.
P: Sua chegada na Seleção se mostrou eficiente para mudar os resultados. O Senhor acredita que o Uruguai se classificaria se não houvesse esta mudança?
R: Para chegar à Copa do Mundo, o Uruguai tem de contar com os jogadores, não comigo. Os jogadores é que fizeram possível o Uruguai estar no Mundial. Eu tenho tentado ajudar e dar as ferramentas para eles jogarem bem e desempenharem bem em cada partida. Os que classificaram o Uruguai e venceram quatro jogos foram os jogadores.
P: Como vê um possível confronto com o Brasil nas oitavas de final?
R: Todos podem passar. Para nós é assim, e para o Brasil é igual. Eu não estou pensando no Brasil, e o Brasil não deve estar pensando no Uruguai. Só pensamos em Portugal, Coréia e Gana que são nossas prioridades.
P: O grupo H tem contra o Uruguai três escolas diferentes. Há uma diversidade de estilos em Portugal, Coréia do Sul e Gana. Isso é bom?
R: Não sei se é bom. Sei que é um grupo parelho, forte e que qualquer um pode passar para a outra fase.
P: O Uruguai mostrou uma ascensão no final das eliminatórias, saindo de uma posição delicada para conquistar a vaga direta. Isto é bom para seguir com moral elevado, talvez ascendendo ainda mais no Mundial?
R: O que passou, passou. Fizemos o que fizemos e agora o que vamos fazer é uma boa preparação para o Mundial. Não temos que viver de passado. Temos que viver o presente para construir o futuro.
P: Ficando num dos dois últimos grupos (G e H), o Uruguai, como o Brasil, faz sua estreia mais distante do início da Copa, havendo mais tempo de preparação. É bom?
R: Vou ter mais dias com os jogadores, treinaremos um pouco mais, mas o tempo para as oitavas de final será mais curto. É o que há...