O jogo do Inter contra o Táchira foi daqueles em que a decepção foi se construindo aos poucos e se tornou imensa para os colorados. Ainda que sem brilho no primeiro tempo, a atuação foi suficiente para mostrar superioridade e justificar a vantagem obtida logo no início da segunda etapa. Mesmo assim, há de se recordar que a chance mais clara de gol foi dos venezuelanos, na primeira de tantas confusões defensivas coloradas — mas que parecia naquele momento ser uma exceção numa partida dominada.
O segundo tempo, com a marcação do gol de pênalti por Thiago Galhardo, inaugurou a etapa de autossuficiência comprometedora e muito bem castigada pelos venezuelanos. O Inter subestimou o adversário, deixou de caprichar em jogadas terminais e abusou nos erros individuais no sistema de defesa.
A maior prova foi dada pelos jogadores que entraram nas substituições. Nenhum deles, com mais capacidade física, foi melhor do que aqueles atletas que saíram. O primeiro gol do Táchira é a prova do salto alto e da falta de foco com uma desistência de Moisés na disputa de bola com Hernández e uma rebatida inexplicável de Zé Gabriel que mais pareceu uma tabelinha com o mesmo jogador adversário para ele completar para o gol.
Não bastasse isto, o que dizer do descompasso entre Edenílson e Marcelo Lomba no lance que originou o pênalti da virada? Não se conhecesse a índole e a qualidade de ambos, caberia duvidar do interesse dos dois. Aquilo não acontece quando se está focado num jogo de Libertadores que vale o encaminhamento de uma classificação.
O Inter fez o possível em San Cristóbal para deslustrar o que havia construído nas goleadas diante do mesmo adversário e do Olímpia. Nem Taison, que segue sendo diferencial, adiantou diante de uma letargia surpreendente num time em que o treinador prega a intensidade. Faltou capricho e houve soberba em quem pode ter virado a chave para o Gre-Nal antes da hora.
A classificação na Libertadores não está comprometida. Os adversários do grupo são fracos e, para haver problemas, será preciso reproduzir mais de uma vez uma atuação desastrada como a dessa terça-feira (11), o que não é provável. A dúvida que enche os colorados de preocupações passa a ser a decisão do Gauchão que começa no próximo domingo (16). Nela não haverá Taison no time e o moral adquirido recentemente com goleadas e afirmação tática foi deixado no norte da América do Sul, mais especificamente no interior da Venezuela.