As explicações do Inter ao perder para o Always Ready na abertura de sua participação na Libertadores foram bem aceitas, de um modo geral. O time boliviano tinha boa estrutura tática e venceu a partida por contar a seu favor com a temível altitude de 3,6 mil metros de La Paz. Não houve críticas mais ácidas, e todos os problemas apresentados foram creditados à condição "desumana" para quem vive ao nível do mar em jogar no alto das montanhas e com ar rarefeito.
O correto argumento colorado, no entanto, já poderia ter sido contestado um dia depois do jogo em La Paz, quando, no mesmo Estádio Hernando Siles, o Boca Juniors derrotou o time da casa, o Strongest por 1 a 0. Tudo bem... o Strongest é mais fraco do que o Always Ready, que é o atual campeão nacional na Bolívia.
Mas e agora, que o Olimpia, do Paraguai, aquele que foi goleado pelo Inter no Beira-Rio, subiu a montanha e derrotou o Always com direito a gol marcado aos 48 minutos do segundo tempo? De onde os paraguaios tiraram ar?
Não adianta ficar lamentando o que aconteceu na altitude. O que fica é uma tabela equilibrada em que o frágil time do Olimpia consegue ser o único a vencer um jogo fora de casa, o que passa a representar uma vantagem consistente.
O Inter passou a estar proibido de perder na próxima semana contra os paraguaios, em Assunção. Um empate mantém uma situação de risco e cria uma decisão tensa contra o Always Ready, na última rodada, no Beira-Rio.
O grupo, que era fácil, segue sendo camarada, desde que o time de Miguel Ángel Ramírez não repita jogos como contra o Táchira, na Venezuela. O Inter é líder num grupo fácil que está perigosamente equilibrado.
O time já poderia viver uma situação bem mais cômoda e com classificação garantida. A justificativa para a derrota em La Paz foi enfraquecida pelo Olimpia. O jogo de San Cristóbal não tem boas explicações. Com um Gre-Nal no meio do caminho, é bom os colorados terem em mente que a liderança está frágil na Libertadores, e a vaga virá com muito mais sacrifício do que o esperado.