As recentes manifestações de torcedores protestando com faixas e gritos de guerra em frente ao Beira-Rio ou no CT Parque Gigante não agradaram em nada à diretoria do Inter. Feitas antes da decisão do Gauchão, elas foram julgadas inoportunas, e o vice-presidente João Patrício Herrmann disse que sentiu nestas ações uma conotação política.
Tal afirmação certamente está ligada a movimentos de oposição que existem no clube e que mantêm atividade, mesmo que a atual gestão esteja apenas começando. Há, entretanto, outra política que começa a permear discussões coloradas: a partidária.
Recentemente, o deputado federal Bibo Nunes (PSL) fez alusão a um símbolo de partido político que estaria sendo usado em produtos do Inter porque o presidente colorado Alessandro Barcellos é simpatizante desta corrente partidária. Não é de agora que, nos bastidores e redes sociais, cita-se a preferência ideológica de Barcellos como algo que pode interferir na vida do clube. O dirigente se defendeu pedindo que o deputado tirasse do ar suas manifestações, o que não foi bem aceito pelo parlamentar.
Este tipo de discussão não soma nada para o Inter, apenas cria uma confusão extracampo que só atrapalha a tentativa de implantar um projeto que fala em quebrar paradigmas no futebol.
É óbvio que clube de futebol não pode se misturar com partido político, até para que os dirigentes não sejam julgados por algo que não seja inerente ao esporte.
Tal divergência se torna ingrediente para que sigam existindo conflitos entre os grupos políticos internos colorados e fomentam muitas vezes manifestações nem tão espontâneas de torcedores.
O Inter tem o exemplo do ano passado, em que a disputa presidencial entrou no vestiário durante o Brasileirão e não ajudou em nada. Agora, brigas políticas, internas ou partidárias ameaçam a tranquilidade institucional num momento delicado de reformulação.
Alessandro Barcellos assumiu falando em pacificação no clube. Até agora, isto não aconteceu, e o dirigente não pode admitir que seu grupo de trabalho dê margem à proliferação de divergências. Quanto a suas preferências ideológicas, ele é totalmente livre para tê-las como qualquer cidadão.