Não há como negar que a desistência do Grêmio em ter Rafael Borré, anunciada oficialmente nesta terça-feira (30), se torna uma decepção para os gremistas, a começar pela própria direção. Só não o será se, lá na frente, se constatar que foi um recuo estratégico. Não nos esqueçamos do que se disse recentemente a respeito de Rafinha.
Deve ter sido carregada de indignação a confecção da nota levada a público na qual os dirigentes gremistas assumiram que foi encerrada a negociação por falta de definição do atleta. O Palmeiras passou recentemente por situação semelhante. Tais insucessos certamente são amargos, mas fazem parte do processo do futebol, principalmente quando atingem um grau de proximidade como já havia entre o atacante do River e o clube porto-alegrense. Não se trata de acusar Borré ou recriminar e até debochar da diretoria tricolor ou de quem saudava uma tratativa praticamente acertada que acabou sendo revertida.
Sem dúvida, e neste mesmo espaço estava dito dias atrás, que se tratava da "grande tacada do Grêmio que já repercute no exterior". Era isto que estava acontecendo a partir da informação vinda da Argentina de que Borré havia aceitado a proposta gremista, algo que foi confirmado em praticamente todos os veículos de comunicação daquele país. Voltando ao jargão do jogo de sinuca, o que não se podia prever é que nesta jogada espirraria o taco, o que é dito quando o alvo, a bola, não é atingido corretamente pelo jogador e o resultado não é a colocação de outra bola na caçapa. É como uma furada ou uma rosca no futebol.
Não ter Borré não é o fim do mundo para os tricolores, desde que isto não signifique a desistência de negócios deste porte. Agora é a hora da ambição permanecer, mas com muita prudência, examinando necessidade e qualidade de uma nova contratação. O risco é contratar caro para simplesmente dar uma resposta ao insucesso com muita badalação. Vai ser muito importante a figura do presidente Romildo Bolzan Júnior que já provou ser hábil em mostrar claramente sua contrariedade quando algo o desgosta, bem como capaz de procurar de forma equilibrada soluções para frustrações com jogadores, vistas as saídas de Thiago Neves, Marinho, André e Diego Tardelli.
Talvez se busque mais fortemente a figura de Douglas Costa. Quem sabe se tente uma efetiva investida em Claudinho? A diretoria está desobrigada de fazer uma contratação de alto nível para contentar a torcida ou para vingar uma decepção. A necessidade inarredável, porém , segue sendo a de reforçar o elenco com uma ou mais figuras diferenciadas para uma imprescindível melhora em relação a 2020.