Se existe para o Grêmio um exemplo de superação contra o Palmeiras para inspirá-lo na final da Copa do Brasil, ele está nas quartas de final da Libertadores de 2019. Tal qual na decisão de agora, a ordem dos jogos colocou a primeira partida em Porto Alegre. A segunda, em São Paulo, não foi na arena palmeirense, mas no Pacaembu.
Na capital gaúcha, os paulistas venceram por 1 a 0, e parecia que estava encaminhada a vaga na etapa semifinal. A reação tricolor aconteceu no jogo de volta, com direito a virada e atuação de luxo de Everton Cebolinha. O 2 a 1 foi épico, como em tantos outros duelos entre os dois clubes, e com vitória gremista.
O exemplo de superação do Grêmio fica como necessidade para os jogos de agora, mas com uma diferença: dificilmente haverá virada em São Paulo. A necessidade atual é a de sair da Arena em vantagem. Algumas situações mudaram.
A primeira delas é que o rendimento do time não está bom e precisa melhorar, segundo o próprio técnico Renato Portaluppi. O triunfo como mandante reforçará o moral da equipe e dará uma tranquilidade tática para administrar uma possível vantagem.
Também é bom lembrar que uma individualidade como era Everton não está mais presente na equipe. Hoje, não se pode contar com certeza com nenhum jogador como fator de desequilíbrio. O caso de Jean Pyerre é emblemático. Naquela vez, no Pacaembu, foi destaque no meio-campo e por pouco não fez seu gol. Agora, é uma verdadeira incógnita pelo comprometimento baixo e a qualidade irregular nas partidas.
Ganhar o primeiro jogo, conforme destacou o volante Lucas Silva, será fundamental. Ele lembrou em entrevista sua experiência de campeão da Copa do Brasil duas vezes com o Cruzeiro. Outro fator importante é que o Palmeiras, embora a irregularidade dos últimos jogos da Libertadores e do vexame no Mundial, ganhou a competição sul-americana e terá tempo para exorcizar o fantasma do fiasco no Catar.
Tudo isto, porém, possivelmente cairá por terra se houver uma derrota na Arena do Grêmio. Em estádios sem torcida, o fator local fica minimizado, mas a receita para os gremistas é largar na frente. O atual time não tem cara de quem vira jogo deste quilate como visitante. Aliás, viradas têm sido uma especialidade do time de Renato, só que contra si, vide os jogos contra Flamengo e São Paulo, ambos dentro de casa.