Existe algo mais decepcionante para um líder do Brasileirão do que perder por 4 a 2 no primeiro jogo do ano contra um clube de bem menos expressão? No São Paulo, a resposta foi "sim". A cena do xingamento com palavrões do treinador Fernando Diniz para com o jogador Tchê Tchê é daquelas coisas que baixam o nível da relação entre profissionais de um mesmo grupo de maneira a envergonhar até quem nada tem a ver com a situação. Pior ainda é ver que a carga mais virulenta das ofensas saíram de quem comanda contra quem é comandado.
Usar termos da moda ou do jargão do futebol como "pisou na bola" ou "foi mal" é minimizar em muito o que aconteceu em Bragança Paulista na última quarta-feira (6). Fernando Diniz é treinador e Tchê Tchê é jogador. Numa empresa, isto equivale ao primeiro ser o chefe e o outro o subordinado.
A Justiça do Trabalho está coalhada de processos em que os que mandam ofendem, humilham e intimidam os que precisam obedecer e são processados por "assédio moral". O mágico mundo do futebol possivelmente fará com que os envolvidos no caso venham a se abraçar num futuro próximo, o que pode ser até sincero, mas que denotará uma apologia à falta de educação e um incentivo à opressão e à baixaria.
Ainda incompleto como treinador e precisando muito do título brasileiro para se afirmar, Fernando Diniz dá mostras de que, além de requisitos técnicos para estar na elite entre seus colegas brasileiros, precisa dar uma melhorada moral para ter um upgrade como cidadão.
O exemplo dado pelo comandante são-paulino é uma das piores coisas vistas em termos de educação e respeito no nosso futebol nos últimos tempos. A dúvida que fica é se o fato lamentável terá consequências no desempenho do time, ainda candidato destacado a ganhar o Brasileirão.
Uma coisa, porém, fica clara e desafiadora. Se o São Paulo perder o campeonato, a conta a ser creditado o fracasso é a do comandante que não vem mostrando controle na última semana, seja no chilique após a eliminação da Copa do Brasil ou no descalabro contra Tchê Tchê.