Acima da superioridade dos jogadores do Santos ao eliminarem o time do Grêmio com uma goleada de 4 a 1, o confronto que colocou o time paulista na semifinal da Libertadores foi uma acachapante vantagem de seu treinador contra Renato Portaluppi. Cuca é o grande artífice desta disputa. Ele já se notabilizava pela condução de um elenco numa realidade extremamente problemática do clube. No primeiro jogo, na Arena, soube armar a equipe sem um de seus principais jogadores, o venezuelano Soteldo; administrou o desejo do zagueiro Lucas Veríssimo em não jogar mais na Vila Belmiro, e conseguiu ser dominador em campo e injustamente castigado pelo empate.
No jogo de volta, as dificuldades de Cuca ainda aumentaram com a ausência do importante Pituca, suspenso. Do lado gremista, Renato tinha o reforço de seu melhor jogador, Jean Pyerre. O que se viu foi a reedição com juros e correção da superioridade vista em Porto Alegre partindo da orientação vinda do banco de reservas. O treinador do Santos deu bis na vitória tática e seus atletas executaram o que ficaram devendo em Porto Alegre. A goleada foi do tamanho do merecimento nos 180 minutos.
As coisas deram tão errado para Renato Portaluppi que, em dez segundos de partida, sua principal novidade no time, o esperado Jean Pyerre, errou um recuo, deixou outra opção do técnico para o jogo, David Braz, sem ação para conter Kaio Jorge que fez o primeiro gol. Logo depois, mais uma escolha do técnico, o lateral Orejuela, fracassou na perseguição a Lucas Braga, o Grêmio sofreu o segundo gol e o jogador colombiano ainda saiu de campo com lesão muscular. Coincidência ou não, as três novidades da equipe estiveram envolvidas no início do fracasso.
Houve amplo merecimento e saudações justas para Cuca. Surgem motivos de reflexões para Renato que no ano passado saiu da Libertadores em situação semelhante, sendo dominado claramente no duelo tático por Jorge Jesus e goleado pelo Flamengo depois de um empate sem brilho na Arena. Faltaram soluções que já se impunham diante do que acontecera na primeira partida contra o Santos. Elas não só não aconteceram, como do outro lado houve a única correção necessária depois de uma grande atuação. O Santos foi efetivo. Se tivesse sido assim uma semana antes, teria havido duas goleadas.