Desde que o Grêmio se consolidou como um time que valoriza a posse de bola, que busca o toque e prima pela ofensividade, poucas vezes a mudança de característica foi tão notada quanto na semifinal da Copa do Brasil diante do São Paulo. Nos dois confrontos, especialmente no jogo do Morumbi, houve, acima de tudo estratégia, rasgando cartilhas do "jeito Renato" de atuar. Para vencer o São Paulo houve estratégia, competitividade e pragmatismo. Aquilo que foi o pecado que eliminou o time na Libertadores mereceu correção e a chegada gremista à decisão é plenamente justificada.
Não houve grandes ameaças para o Grêmio nos 180 minutos, principalmente na segunda parte do confronto, disputado na capital paulista. Renato Portaluppi perdeu seus pudores ao permitir ao adversário a maior posse de bola, mas tratou de torná-la infrutífera. A colocação de Lucas Silva foi cirúrgica. O volante foi o melhor em campo. A volta do titular Alisson deu qualidade e sabedoria ao meio-campo. Pepê foi mais notável pela ajuda à defesa do que pelos dribles. Muitos foram os destaques pela bravura e nem tanto foram observadas brilhaturas técnicas.
Numa disputa ao velho estilo da Era Felipão, o Grêmio de Renato mostrou ser capaz de se reinventar. Se a receita será a mesma para enfrentar o Palmeiras numa grande final lá em fevereiro, não se pode garantir, mas muitas lições ficaram aprendidas e praticadas com sucesso. A classificação gremista foi brava como poucas vezes se viu nos últimos anos. Tal bravura, porém, não invalida o resgate da qualidade individual que foi deixada de lado como prioridade nos dois jogos contra o São Paulo, mas que segue sendo fundamental. Haverá tempo para se decidir isto é, quem sabe, buscar uma fórmula ideal para a conquista do hexa.