Não se trata de jogar retrancado ou de achar que o empate é um grande resultado. O Inter, porém, para passar pelo Boca Juniors na Libertadores, vai precisar ser cirúrgico na montagem e na execução de sua estratégia para enfrentar os argentinos.
Valem, a partir das 21h30min desta quarta-feira (2), verdadeiros chavões do futebol, como "superação", "jogar com o regulamento debaixo do braço" ou "colocar o coração na ponta da chuteira". Tudo isto significa na prática algumas necessidades: correr o tempo inteiro, errar o mínimo possível e jamais desperdiçar uma chance de gol.
A receita parece ser do futebol perfeito. Para o Inter no atual momento, é exatamente isto, embora nas exigências não esteja a de ter mais qualidade técnica do que o adversário. O time de Abel Braga, que terá Leomir Souza no comando, necessita fazer a partida que não vem fazendo desde os tempos anteriores aos últimos jogos de Eduardo Coudet.
Se o segredo estará na escalação, que não haja escolhas infelizes como as que foram vistas contra o América-MG na Copa do Brasil. Também haverá a exigência para peças fundamentais, como Thiago Galhardo e Patrick, que estão desempenhando menos do que já mostraram.
Toda esta combinação colorada ainda necessita de solidez defensiva. Sofrer um gol em casa pode significar a eliminação no segundo jogo, nem que o placar final no Beira-Rio seja de 0 a 0.
Não se pode, de jeito nenhum, considerar o empate sem gols um resultado ruim, ainda que a vitória seja o ideal. É bom lembrar que, com saldo qualificado, uma igualdade destas vira vantagem para jogar como visitante, obrigando o inimigo a ganhar no tempo normal para não ser desclassificado diretamente — a menos que haja um novo empate sem gols que levaria a decisão para os pênaltis.
Há um outro fator interessante que o Inter não está proibido de aproveitar: uma eventual má partida do Boca. Quando há duas equipes em situações diferentes, e os argentinos vivem uma bem melhor do que os colorados, muitas vezes o revés de quem está em alta se dá pela própria incompetência, seja por soberba ou por erros próprios numa partida infeliz. Assim, muitos favoritos já caíram na história do futebol — o Flamengo diante do Racing foi o exemplo desta terça-feira, e seus tropeços foram aproveitados por quem era menos cotado. É aí que entra o Inter.