A presença de uma figura política dos clubes dentro dos vestiários é uma característica muito gaúcha. Via de regra, vice-presidentes ou diretores de futebol não têm, em outros lugares, tanta relevância quanto no Rio Grande do Sul.
O próprio diretor-executivo do Inter, Rodrigo Caetano, se surpreendeu com o protagonismo dos chamados dirigentes amadores quando voltou ao Estado para trabalhar no Beira-Rio. A profissionalização neste setor é mais do que uma realidade nos grandes clubes, mas o exemplo colorado do momento mostra o contrário.
Desde a saída de Alessandro Barcellos, lamentada publicamente pelo técnico Eduardo Coudet, não há oficialmente um vice de futebol no Inter — e esta figura está fazendo falta. Rodrigo Caetano, outro que sentiu a saída de Alessandro, está sozinho e absoluto nas decisões e muito mais exposto nas entrevistas.
Por mais que esteja participando da vida do vestiário colorado, o vice-presidente eleito Alexandre Chaves Barcellos não tem de direito o cargo de comando naquele que é o coração do clube. Foi ele quem tentou justificar as divergentes manifestações de Coudet e Caetano após a classificação do time para as quartas de final da Copa do Brasil. Talvez por inexperiência no setor, ou falta de ser autoridade constituída para tal, falou que as discordâncias são normais sem ter voz forte para lamentar que isto tenha acontecido de maneira pública.
A figura do vice-presidente de futebol no Inter se mostra necessária, por mais amadorismo que possa representar. É necessário haver alguém acima dos profissionais de comando para evitar, por exemplo, que distensões entre o executivo e o treinador criem nos atletas a imagem da falta de comando — eles que viram o antigo representante da diretoria ser demitido sem que alguém ocupasse seu posto.
Este é o tipo de problema que pode gerar uma crise — algo que Chaves Barcellos, o vice que não é "de futebol", garante não haver.