Foi nítido que Everton Cebolinha estava desambientado e pouco à vontade atuando pelo lado direito do ataque da Seleção contra a Bolívia na abertura das eliminatórias. Não foi por nada que Tite fez dele a primeira substituição do jogo com a entrada de Rodrygo aos 21 minutos do segundo tempo. Acertada a troca durante a partida, cabe ao treinador reconduzir o ex-atacante do Grêmio à equipe titular contra o Peru.
Foi o próprio técnico que admitiu que Everton poderia não realizar uma partida de exceção em função de estar no lado oposto ao que atuava no Grêmio e agora joga no Benfica. Tite garantiu que sua tentativa de "abrir o campo" requer tempo e sequência de jogos e que se baseou em observações do jogador no início da carreira e da boa vontade do atleta em se adaptar. Este processo tem preço alto numa seleção. A concorrência é qualificada e, a cada atuação sem brilho, surgem contestações a quem joga e quem escala.
O treinador da Seleção Brasileira é leal a seus comandados desde o início da carreira. Tal lealdade já gerou críticas e crises. Na Copa do Mundo da Rússia, a insistência com Gabriel Jesus em detrimento de Roberto Firmino foi reconhecida como erro pelo próprio Tite. Phillipe Coutinho é sempre motivo de perguntas sobre sua condição cativa no time. Levando-se em conta que Everton é alguém que se submete a uma alteração de posição, esperemos que haja a mesma paciência demonstrada com os outros dois, cujas mudanças de posicionamento sempre foram menos radicais. Pelo que fez na Copa América jogando no setor em que se consagrou, o Cebolinha merece sequência e a torcida para que funcione na nova função. Se não se adaptar, que troque de lado, ainda que na condição de suplente. Tenhamos confiança no técnico, desde que ele não insista, após várias oportunidades, em seguir no time com quem rende menos do que quem está no banco.