É comum se dizer que não há problema em perder jogos, especialmente em um campeonato maluco como o Brasileirão da pandemia. O problema está em como surgem as derrotas, para quem eles ocorrem e quais as responsabilidades em jogo. O que se viu do Inter em Fortaleza foi a repetição de erros recentes, a contradição entre a filosofia do treinador e o que é apresentado pela equipe e a sequência daquilo que parece ser o abandono da liderança tão saudada quando foi conquistada.
Não existe reparos maiores às escolhas iniciais de Eduardo Coudet no jogo do Castelão. Para efeito de futuro, pode ter sido uma temeridade o uso de Patrick, jogador que enfrenta frequentemente problemas físicos e que acabou saindo de campo muito cedo, comprometendo a escalação para o Gre-Nal da Libertadores. Isso, porém, não tem nada relacionado com o desempenho na derrota para o time de Rogério Ceni. Há de se discutir opções de Coudet durante o jogo, como a insistência em colocar Musto e Lindoso juntos a partir de determinado momento.
Se Nonato ou Johnny não foram bem, Moisés esteve muito mal ou o garoto Léo Ferreira se mostrou tímido, não há pecado maior em escalá-los. Todos já haviam mostrado algo melhor em algum momento. O que acontece é o não funcionamento do todo. Voltaram os passes laterais, houve falhas de articulação e o combate na saída de bola foi deficiente, sem falar da falta de jogadas ofensivas. Perder gols é ruim, não criar chances é pior.
O Inter não sofreu sufoco do Fortaleza até levar um gol por falha individual ao afastar uma bola da área. Dali em diante surgiram problemas maiores. Centímetros salvaram o time de Eduardo Coudet de levar o segundo gol numa jogada anulada por impedimento. O mais chocante foi a pressão final, com jeito de "olé" do time de Rogério Ceni. Depois da derrota difícil de explicar para o Goiás, o capítulo seguinte do Inter no Brasileirão foi novamente pobre e deu a ideia de que a liderança se tornou insustentável.