O técnico Eduardo Coudet admitiu, na entrevista coletiva após a derrota para o Fluminense, que teve duas conversas com Rodrigo Moledo. Nelas, explicou ao ex-zagueiro titular colorado as razões para sua não utilização na equipe principal em 2020. O treinador sustenta que ainda acredita que o jogador poderá se adaptar ao novo jeito de atuar da equipe e disse que seria preciso ouvir o atleta para saber mais das reuniões.
Rodrigo Moledo certamente não revelará o conteúdo dos diálogos com o treinador, um deles ocorrido em Porto Alegre e outro já no Rio de Janeiro. Ele não tem nada a ganhar com isso, mas sua reação por mais uma vez ter sido preterido pode ser classificada, no mínimo, como descontentamento.
O técnico tem total noção disso, embora não haja nenhum interesse imediato em aproveitar o jogador, que, por característica, não o agrada. Mesmo que jogue contra o Atlético-GO, Moledo não é convicção do argentino. Não se tira o direito do comandante fazer suas escolhas, mas deve ser questionado quando elas não funcionam.
Com uma dupla formada por Moledo e Victor Cuesta, o Inter teve uma zaga que, entre outros elogios, chegou a ser comparada à consagrada formação do rival Grêmio com Geromel e Kannemann. Os gaúchos enchiam a boca em 2018 e 2019 para dizer que em Porto Alegre estavam as duas melhores defesas do Brasil, e não havia exagero. Hoje, os gremistas voltaram a ser superiores solitários.
Ao definir um modelo de time sem Rodrigo Moledo "por ele não saber sair jogando", Eduardo Coudet criou um problema e não achou solução. Bruno Fuchs, embora mostre potencial para o futuro, jamais foi o grande destaque da defesa e está saindo sem deixar saudades.
Paralelo a isso, o premiado Víctor Cuesta passou a ter um desempenho muito abaixo do que mostrava até o fim da parceria com Moledo. Contra o Fluminense, o argentino foi comprometedor como talvez nunca tenha sido com a camisa do Inter. Curiosamente, já sem Fuchs ao seu lado, ele recebeu o jovem Zé Gabriel como companheiro, um jovem volante promissor, agora transformado em zagueiro por Coudet.
Na semana passada, o Inter contratou outro jovem, Lucas Ribeiro. O jogador, surgido no Vitória da Bahia e que logo se transferiu para a Alemanha, já deve estar consciente de seu favoritismo para ser titular — pelo menos se a disputa for com Rodrigo Moledo.
O Inter parecia que tinha dificuldades para formar o meio-campo e o ataque, algo que alguns jogos já mostraram ser possível de solucionar. Na defesa, porém, está o setor que não dá mostras de evolução desde a chegada de Coudet. Ao contrário, mostra que uma fórmula que deu certo foi perdida.