Sem arrancar, mas já com o motor ligado e acelerando, a CBF, reunida com os clubes, deu um sinal claro de sua intenção. Se depender da entidade, o Brasileirão começará no segundo final de semana de agosto. Houve aprovação quase unânime das agremiações das séries A e B, e não surgiu um esclarecimento prático do que seria feito com os inacabados campeonatos regionais. Fica subentendido que as federações que deem um jeito de encerrá-los antes disso, ou que passem a contar com suas grandes forças atuando com equipes reservas para cumprir o pouco que falta das disputas domésticas.
O plano no Rio Grande do Sul, feito antes do agravamento recente do quadro da pandemia no estado, previa reinício do Gauchão no dia 19 de julho. Isto se mostra seriamente ameaçado pela política de bandeiras e pelas determinações das autoridades sanitárias. Ainda assim, a decisão do campeonato estaria marcada para o dia 9 de agosto, data agora já desejada pela CBF. Surge um inesperado conflito em condições difíceis de administrar, pelo menos levando em consideração a busca mínima de critérios técnicos.
Agora se entende mais claramente a intenção da CBF em baixar o intervalo mínimo entre jogos. O objetivo pode estar muito mais ligado ao final dos certames estaduais do que a sequência do Brasileirão, embora se saiba que ali adiante haverá recomeços para Copa Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil. Embora contrariando o ideal para o desempenho dos atletas, esta redução de tempo entre as partidas será uma necessidade e entra no rol das excepcionalidades justificadas para o momento. Que jamais permaneça como regra após este período e que os calendários futuros retomem a normalidade, talvez até mais racionais que antes.
Estão pressionadas as voltas dos regionais, algo que aconteceu de maneira inadequada num Rio de Janeiro totalmente descoordenado na política, saúde e esporte. São Paulo aumentou a rigidez no isolamento. Em Minas Gerais, segue proibido o futebol em Belo Horizonte e não se tem previsão de liberação. Cabe aos dirigentes e clubes nos respectivos estados assumirem soluções imediatas, ainda que em condições totalmente desfavoráveis. A CBF entrou em campo, e a situação financeira dos clubes os fez apoiarem o que julgam ser a salvação. Bem ou mal, é irreversível.