As provocações dos tempos de quarentena nos levaram a eleger seleções, das mais variadas. Eis que, quando examinados os estrangeiros que jogaram no Grêmio, surge a curiosidade de saber qual o argentino mais destacado da história daquele que é considerado o clube mais argentino do Brasil. Entre mais de 30 nomes ao longo de quase 117 anos, a conclusão não é muito difícil: nenhum foi mais destacado do que Walter Kannemann.
Chegado ao em 2016, ele já é o argentino de maior longevidade no Grêmio e só não será o estrangeiro com mais tempo de clube porque o uruguaio Ancheta permaneceu por quase 10 anos na década de 1970. Kannemann, porém, na comparação com Ancheta tem mais títulos, algo que o coloca próximo do patamar de outro uruguaio, o também zagueiro Hugo De León. Aliás, quando se forma um time com os melhores estrangeiros no Tricolor há a necessidade de formar a dupla de zaga com dois jogadores que atuavam numa mesma posição: Kannemann e De León.
Entre os argentinos da história gremista, claro que há nomes importantes. A década de 1960 mostrou Germinaro se destacando no gol por suas defesas e pela camisa amarela. Em 1971 o atacante Scotta fez o primeiro gol da história do Brasileirão. Jogava muito e certamente teria vida longa no clube, mas era emprestado e voltou cedo para seu país. Outro avante de muita técnica foi "El Mono" Oberti, que sucumbiu ao período de falta de vitórias. Ortiz foi ponta-esquerda tricolor em 1976. Driblava muito, mas acabou indo para o River Plate e, dois anos depois, era campeão mundial pela seleção da Argentina.
Assim vieram as décadas de 1980, 1990 e o início dos anos 2000. A torcida tricolor sempre foi receptiva aos hermanos, mas nem sempre foi correspondida. Astrada, Amato, Maidana, Schiavi, Saja e outros tantos nunca repetiram no Grêmio o que fizeram em seus clubes de origem. Maxi Lopez fez o gol da vitória no Gre-Nal dos 100 anos do clássico, mas foi pouco e era caro para o que jogava. Herrera, quase fez muitos gols em duas passagens, mas era simpático à galera que ainda precisava do "argentino definitivo". Este não foi Bertoglio, Escudero, Alan Ruiz ou Gata Fernandes.
Kannemann é "o argentino" na vida do Grêmio. Protagonista de uma dupla de zaga emblemática com Geromel, passou a ser lembrado para a seleção de seu país pelo que faz no clube. Além disso, já é campeão gaúcho, da Copa do Brasil e da América. A história está diante dos gremistas. O clube mais argentino do Brasil tem seu melhor argentino genuíno de todos os tempos.