Não se trata de radicalismo, apenas lógica. Se o Chile e suas cidades não oferecem segurança para a realização de jogos de futebol, seus clubes não podem participar de uma disputa como a Libertadores. Quando isto será testado? Nesta terça-feira (4), no jogo entre Universidad de Chile e Inter. Os colorados, por força da tabela, foram "premiados" com esta condição de cobaias, embora as autoridades chilenas garantam à Conmebol condições suficientes para a realização da partida.
Um mínimo sinal de distúrbio no Estádio Nacional de Santiago, que ameace jogadores, torcedores ou qualquer outra parte integrante do espetáculo, será suficiente para se chegar à conclusão que o país não vive uma situação que permita a realização de eventos futebolísticos. Vem sendo assim desde novembro do ano passado.
A correta decisão de tirar de Santiago a final da Libertadores de 2019 foi o ponto de partida. De lá para cá, o campeonato nacional foi finalizado prematuramente e, dois meses depois, o retorno dos jogos coincidiu com a volta de protestos violentos com o futebol sendo muito visado. No último sábado foi o que se viu, dentro e fora do estádio, na vitória de La U sobre o Curicó.
Num comparativo com outras nações que receberam ou recebem a Libertadores em momentos tensos de suas vidas políticas, como Colômbia no passado e Venezuela no presente, nota-se uma peculiaridade grave no caso atual. Entre os manifestantes chilenos estão facções organizadas de torcedores com o intuito claro de impedir a realização de partidas, custe o que custar. O futebol passou a ser alvo de quem protesta nas ruas de Santiago, algo não visto em outros países. Esta é a ameaça que precisa ser temida e, se possível, coibida.
Sem entrar no mérito das discussões internas do Chile, não é exagero pensar em exclusão dos clubes do país da atual Libertadores. O prejuízo será grande do ponto de vista financeiro e com uma conotação técnica, visto que há os clubes que já estão certos na fase de grupos e que deixariam suas chaves com apenas três equipes.
A Universidad Católica, por exemplo, está no mesmo grupo do Grêmio e que poderá ter o Inter. O que interessa, porém, é haver tranquilidade, algo que ainda não se tem certeza. A competição está apenas começando, a Conmebol precisa estar pronta para medidas drásticas. Tudo depende do jogo desta terça-feira. Que nada de mal aconteça.