Se é verdade que Odair Hellmann tem total independência para tomar suas decisões, o técnico do Inter faz parte de uma engrenagem que tem um funcionamento perfeitamente identificável. É uma espécie de linha de conduta colorada, uma filosofia de futebol que a repetição de fatos impedem que seja negada. O resultado é uma pressão forte do torcedor que não procura a explicação no processo histórico.
A preocupação excessiva com volantes é uma característica. O número de jogadores contratados para o setor ou a fixação em determinados nomes é algo que vem arraigado no Inter desde bem antes do ex-volante Odair ser treinador. Ágil e efetivo na busca por Rithely, Rodrigo Lindoso ou Bruno Silva, o clube patina há muito tempo para tentar um articulador que venha a suprir a lacuna que por vezes é deixada por D'Alessandro, cujo prazo de validade, ele mesmo admite, está próximo do fim.
Outro pecado colorado é a insistência em não usar Zeca na lateral-esquerda. Valeria uma experiência até para mostrar que não a medida funciona, algo que calaria uma quase unanimidade que pede o ex-jogador do Santos na posição que o levou à Seleção Brasileira. Não é de acreditar que haja temor do técnico da providência funcional e os fatos contrariarem a tese dos orientadores. Odair não é assim. Tem humildade, mas insiste em contrariar algo que já poderia estar esclarecido.
A colocação de jovens na equipe colorada é outro ponto de explicação complicada. O caso de Heitor se mostra uma exceção, para o bem da equipe. O jovem lateral ganhou a posição na qualidade, mesmo que seu antecessor, Bruno, não estivesse tão deficiente. Assim deveria ter acontecido com outros como Pedro Lucas, que sempre esteve em desvantagem em relação a Tréllez, como opção para o ataque, Sarrafiore, que se tornou um mistério pelo não aproveitamento, ou mesmo em Bruno Fuchs que, mesmo campeão no Torneio de Toulon, dependeu de lesões e fracassos individuais para ter sua oportunidade e se dar muito bem. Neste aspecto, vale o conselho de tratar Nonato como base para o time desde já e também para 2020. Se ele tiver que se tratar, que o faça agora. No ano que vem, o garoto precisa ser titular e referência no meio-campo desde a pré-temporada.
Estes pontos são marcas coloradas corroboradas por Odair e por outras comissões técnicas que o antecederam. Poderia ser citada também a fixação do clube por repatriar atletas, algo que nem sempre teve o resultado esperado. Uma retomada colorada, quem sabe com o time classificado para a Libertadores 2020, deveria passar necessariamente pela revisão destes conceitos.