Um Gre-Nal começa empatado no Brasileirão 2019, o do bom gosto nos novos uniformes de Grêmio e Inter. Apresentados oficialmente pelos clubes, os modelos de camisetas da Dupla mostra sobriedade, respeito à tradição e muita beleza. Nem sempre isto acontece, mesmo que as peças façam sucesso nas vendas. Fugir de um padrão tradicional é distanciar o clube de sua história. Neste ano, a partir do Campeonato Brasileiro, isto não acontecerá com os dois grandes do futebol gaúcho.
No Grêmio, os arrojos dos estilistas normalmente são menores, uma vez que a camisa tricolor é praticamente intocável. O estatuto do clube normatiza o uso das cores e limita as criações exóticas que marcam uniformes reservas em muitas equipes. Até poucos anos, a predominância obrigatória era do azul ou do branco. Uma emenda estatutária foi necessária para permitir que o preto também pudesse ser usado nesta condição. As listras brancas mais finas entre o azul e o preto na linha de 2019 não descaracterizara a principal camiseta gremista que, novamente, recebeu uma gola, resgatando antigos modelos como o do time multicampeão dos anos de 1990.
O uniforme colorado mudou mais radicalmente, e para melhor. Na verdade, o que aconteceu na camiseta principal foi um resgate da identidade do clube, deixada de lado nos últimos anos, quando os detalhes em branco na gola e nas mangas foram retirados, dando ao Inter uma semelhança com uniformes do América carioca ou o Juventus, do bairro da Mooca em São Paulo. Ficou boa, também, a utilização "retrô" do antigo escudo e das estrelas alusivas ao tricampeonato brasileiro. Por mais que a empresa fornecedora do material esportivo tente justificar como uma referência à bandeira colorada, está claro que a camiseta reserva faz alusão à camisa da Seleção Peruana, numa relação direta com a presença de Paolo Guerrero no elenco.
Vale lembar que branco com faixa diagonal vermelha já foi padrão de camisas reservas do Inter em mais de uma oportunidade. Sem haver as limitações internas que o rival tem na utilização de suas cores, fica a expectativa por uma terceira camiseta. Por duas vezes, recentemente, os desenhistas desconheceram que o clube é "colorado" e inventaram o amarelo e o cinza como cores, algo razoável talvez para material de treino. No caso do cinza, ainda havia uma justificativa estapafúrdia de que era a cor do "cimento da arquibancada em que ficavam os torcedores".
O certo é que a indumentária gaúcha do futebol, conhecida como "pilcha" entre os tradicionalistas, está digna de dois grandes campeões a partir deste Brasileirão.