Nos discursos após a eliminação na Copa do Mundo Feminina, o que mais me chamou a atenção foi a preocupação nas palavras das jogadoras sobre como o resultado poderá impactar no futuro da modalidade no Brasil. O cenário seria natural se elas estivessem se referindo sobre a necessidade de seguir avançando e melhorando na preparação. Mas não foi isso que ouvimos. Pelo contrário, a posição foi de receio com possível retrocesso.
A velha cultura do resultado impõe uma realidade totalmente diferente quando falamos de qualquer outro esporte que não o futebol masculino. Quando a preocupação deveria ser como podemos melhorar o rendimento, questões táticas e técnicas, aspecto mental, possíveis mudanças na comissão, maior investimento, o que tem imperado é a comparação do resultado em troca de estrutura.
Quando se fala que este foi o maior investimento, o melhor momento da estruturação da modalidade, é necessário lembrar que esta é uma realidade recente. Logo, os frutos deste trabalho não serão colhidos de forma imediata. Muito se precisou cobrar e lutar para que modalidade atingisse este patamar.
Portanto, se torna impensável e injusto que o investimento e o cenário atual sejam colocados em xeque logo depois de um fracasso de uma equipe que passa por um novo momento, com renovação de atletas, desfrutando agora de uma melhor estrutura. Já passou da hora de que a cada término de competição as atletas precisem ir até os microfones para pedir que a modalidade continue sendo apoiada, que os torcedores sigam apoiando, que as instituições sigam investindo. O futebol feminino merece mais.