Abraçar adversários, na política, deveria ser motivo de celebração. Ainda mais em um contexto de disputa acirrada. Menos tensão, mais estabilidade. Mais estabilidade, mais consensos. Mais consensos, mais crescimento e mais bem-estar.
Só que, no Brasil de hoje, tudo é diferente. Até mesmo uma aliança impossível cinco anos atrás contribui para o aprofundamento da radicalização. Lula e Alckmin só existem juntos por um motivo: combater Bolsonaro e abocanhar o poder.
Independentemente do mérito, é pouco para um país. Ainda mais quando dois políticos tradicionais, que viviam às turras anteontem, fazem juras de amor um ao outro. Não lembro de qualquer referência sólida a um projeto de futuro ou mesmo a alguma autocrítica verdadeira e construtiva que inspire essa aproximação.
De fato, se tucanos –Alckmin só debandou há pouco do ninho – e petistas não tivessem brigado tanto, xingado tanto, ofendido tanto, acusado tanto, talvez Jair Bolsonaro não encontrasse um terreno tão fértil para crescer e prosperar. É a política antiga, que mais cedo ou mais tarde apresenta o velho problema como se fosse uma nova solução. E tem muita gente que acredita.