Da última vez em que deliberou sobre o tema, a decisão foi a de não decidir. O nota divulgada pela UFRGS no final de fevereiro dizia que “diante da situação atual de acirramento da pandemia de covid-19 no Rio Grande do Sul e em todo o país e da falta de uma perspectiva mais positiva no curto prazo, a maioria dos conselheiros (do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) votou pela não definição das datas das provas neste momento”. Consultada sobre o tema na sexta-feira passada, o universidade reiterou: “não há andamento ou novidade sobre data do vestibular”.
A UFRGS não inventou a pandemia e nem pode ser culpada pelo atraso no vestibular. Mas o fato é que a absoluta indefinição, quando março se aproxima do seu final, gera prejuízos emocionais e práticos a milhares de famílias. Um dos pontos mais objetivos é a escolha da estratégia de estudo por parte dos candidatos, uma vez que o Enem deve ocorrer no final do ano. Estudar de que forma e para qual das provas?
O fato é que, se a UFRGS pensa em esperar por alguma certeza, as perspectivas são, no mínimo, nebulosas. Não há e nem haverá, no médio prazo, um caminho seguro e que não cause dano.
Realizar o vestibular até maio, como era a previsão inicial, significará promover aglomeração enquanto a pandemia ainda estará longe do fim e a imensa maioria da população ainda não estará vacinada.
Não realizar vestibular nesse semestre retiraria de milhares de alunos a chance de entrar na universidade pública e atrasaria a formação de tantos outros.
Suspender o vestibular e usar a nota do Enem seria injusto com os candidatos que priorizaram a UFRGS nesse último ano.
Existem hoje milhares de jovens gaúchos, especialmente os que não conseguem ou não querem pagar uma universidade privada, pendurados no pincel, preocupados e à deriva.
Aproxima-se (alguns defendem que até já passou) o momento em que a UFRGS terá de tomar uma decisão, em respeito aos futuros alunos e aos danos emocionais e financeiros que o não saber acarreta.