As mesmas palavras assumem significados diferentes com o passar do tempo. Existe uma expressão central nas brigas do Brasil de 2021. “Tratamento precoce”. De um lado, os que defendem que funciona. De outros, os que não funciona. Essa conversa, como todas as outras que se polarizam, carrega uma armadilha semântica, que se resume a uma pergunta:
— Sobre qual tratamento precoce estamos falando?
A expressão, por ser genérica, precisa de complemento para fazer sentido. Bons tratamentos precoces, funcionam. Os ruins, não.
No caso da covid-19, cloroquina e seus assemelhados, de acordo com o que se sabe até hoje, não funcionam. É um erro chamar isso apenas de “tratamento precoce”. Porque, em breve, se descobrirá um tratamento precoce que dá resultado. Alguns estudos já tangenciam o sucesso. E aí os destrambelhados de hoje dirão, “viu, tratamento precoce funciona”.
Em vários tipos de câncer e em centenas de patologias, o tratamento precoce salva. É preciso ajudar a não criar confusão. Vamos dar nome aos bois, aos trogloditas, aos malucos e aos charlatões de plantão. Esse é um tratamento precoce que precisa, com urgência, ser feito.