Abordamos, em GZH, dezenas de assuntos todos os dias, que geram níveis diferentes de engajamento, resposta, crítica e apoio. A questão da poluição sonora em Porto Alegre e em outras cidades gaúchas chama a atenção, pela quantidade e teor das manifestações de centenas de leitores durante os meses em que venho dando vazão à irritação e indignação das pessoas invadidas na sua liberdade de descansar e de trabalhar em paz.
O problema se acentuou na pandemia, com mais gente em casa por mais tempo e com a proliferação das motos de tele entrega com escapamentos abertos. Embora haja outras prioridades nesses tempos de covid-19, engana-se quem pensa que esse não é um tema importante. Noto que a paciência das pessoas está se esgotando. E que as reações do poder público oscilam entre a política do avestruz e uma que outra iniciativa isolada para tentar provar que alguma coisa está sendo feita.
Venho sendo, ao logo dos anos, uma voz quase isolada na defesa da EPTC e dos azuizinhos. Agente de trânsito não é professor. É fiscal. Sua forma de educar é mostrar que distrações e infrações intencionais devem ter consequência, para que não ocorram. Com isso, salva-se vidas. Mas, no tema poluição sonora, registro com tristeza a letargia de quem deveria cuidar da saúde e da segurança da população.
A maioria dos motoboys trabalha dentro da lei. Essa é uma categoria que merece carinho e respeito, pois vive correndo riscos redobrados em um trânsito cheio de agressividade e de falta de cordialidade. Mas isso não dá a essa minoria o direito de infernizar a vida das famílias. Para isso existe a lei e a autoridade legitimada.
Uma ação de verdade se faz necessária. É uma obrigação da EPTC e da BM agirem quando a as pessoas já enfrentam tantas outras tensões nesse momento — sinto pelos e-mails que recebo, nem todos publicáveis.