Há quem estranhe a falta de um posicionamento político mais forte das Forças Armadas no momento em que o país atravessa uma crise sanitária sem precedentes. Por mais estranho que pareça, esse silêncio é um bom sinal. Não cabe a uma instituição de Estado se manifestar sobre temas da política corriqueira, um exemplo que poderia, com ganhos para o país, ser seguido pelos ministros do STF.
Esse mesmo silêncio é a garantia de que a cúpula das Forças Armadas está atenta e zelando para que a presença de militares junto a Bolsonaro, a esmagadora maioria da reserva, não se confunda com a participação institucional no governo. Exército, Marinha e Aeronáutica, em uma democracia, devem servir como fator de equilíbrio, e não o contrário.
Agora, durante a pandemia, as FAs, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, vêm cumprindo seu papel. Mais recentemente, o Exército montou um hospital de campanha em Porto Alegre e sempre atende aos pedidos para colaborar, desde que dentro das atribuições estabelecidas em lei, a mesma que impõe a autoridade suprema do presidente da República nas questões militares.
Quando generais da ativa começam a jogar o jogo de poder civil, o resultado, em geral, não é bom. Eduardo Pazuello é o mais novo aprendiz dessa antiga lição.