Pode-se dizer muitas coisas do presidente Jair Bolsonaro. Menos que ele mudou depois de ganhar a eleição. Durante a campanha, muita gente argumentava que o destempero, a agressividade e a vocação para o conflito eram apenas estratégias friamente calculadas. Passado o embate eleitoral, diziam, Bolsonaro naturalmente se acalmaria e, uma vez derrotada a esquerda, assumiria a sua verdadeira vocação de estadista, equilibrado e racional. Só que não.
Agora, ouve-se aqui e ali, cada vez mais, declarações na linha “não imaginei que seria tão ruim assim”. Os bolsonaristas arrependidos podem alegar tudo, menos que foram surpreendidos.
O presidente é, no poder, exatamente o que sempre foi e que nunca se esforçou para esconder. A outra opção era o PT, partido contaminado pela corrupção e eticamente falido?
As alternativas foram postas democraticamente, pelo voto, como escolhas soberanas dos brasileiros. William Ury, um dos mais competentes negociadores do mundo, explica uma diferença fundamental. Assumir a culpa e apontar culpados é sobre o passado. Assumir responsabilidades é sobre o futuro.