Eduardo Leite reúne qualidades raras em tempos de radicalização política. Sabe conversar, não é dado a arroubos e consegue manter a calma, mesmo diante de situações adversas. Não é por acaso que seu nome cresce no cenário nacional. Mas ainda falta um ingrediente na receita do jovem governador gaúcho, se quiser mesmo sonhar com a Presidência. Falta mostrar ao país que sabe bater na mesa e exercer autoridade plena e centralizada, quando necessário.
Erroneamente, confunde-se autoridade com autoritarismo. Quando a casa está pegando fogo, não há tempo para assembleias e reuniões. Quem tem legitimidade, manda. Porque é necessário. Isso é autoridade. Autoritarismo é o excesso, é impor pela força e pelo grito, quando a conversa e a construção do consenso seriam mais efetivas.
Se estivéssemos na Noruega ou na Islândia, talvez a autoridade, da forma aqui descrita, não fosse uma atributo tão relevante. Mas no Brasil, onde o jeitinho, o desmando e a roubalheira se fazem presentes em doses cavalares, o eleitor gosta de saber que seu candidato sabe mandar e tem capacidade para tal.
Mesmo que não seja o quais gosta de fazer, Eduardo Leite precisa subir o tom e bater na mesa no combate à pandemia. Se os municípios não fiscalizam devidamente aglomerações e descumprimentos da lei, porque não conseguem ou não querem, o governador precisa erguer a voz. E agir. Cogestão? Está provado que não funciona quando a crise atinge seu pico. Políticos tendem a considerar críticas injustas. Preferem o tapinha nas costas e elogio vazio dos puxa-sacos. Eduardo Leite tem um futuro brilhante pela frente se compreender que a diferença entre o remédio e o veneno, muitas vezes, é a dose.