Porto Alegre e outras cidades brasileiras registram recordes de internações hospitalares. Diante da iminência do caos, o prefeito da Capital gaúcha, Sebastião Melo, repete insistentemente que está abrindo novos leitos de UTI. Trata-se de uma medida elogiável, mas é o sintoma de um problema e não uma solução.
Quando o poder público é compelido a criar novas vagas em hospitais, é porque alguma coisa está dando errado antes. Por dever de justiça, é importante ressaltar que a responsabilidade pela explosão de casos de covid-19 não pode ser jogada nas costas do prefeito. Se o Brasil tivesse levado a sério a pandemia, poderíamos, a essa hora, ter muitos milhões de vacinados e não os números pífios que ostentamos diante do mundo.
Enquanto a imunização não chega, o jeito mais eficaz de não contrair a covid-19 é não se expor a ela. Cuidar, circular apenas o necessário, usar máscara, limpar as mãos. Todo mundo sabe, mas nem todos praticam. Não se trata aqui, por enquanto, da defesa de um lockdown radical, o que nunca aconteceu, nem em Porto Alegre, nem no Brasil.
Talvez cheguemos ao ponto em que seja necessário, se continuarmos achando que abrir vagas em UTIs é uma solução. Mesmo que se mantenha coerente com as ideias que garantiram a sua eleição , principalmente com a promessa de “não fechar a cidade”, Melo ajudaria a salvar vidas se fosse mais incisivo na recomendação para que os porto-alegrenses — inclusive ele próprio — só circulem, por algum tempo, o mínimo necessário, antes que o remédio fique mais amargo ainda.