Em plena safra de promessas pós-eleitorais, a “fiscalização rigorosa” das normas de higiene e distanciamento é o compromisso da hora. Políticos se revezam em lives e entrevistas garantindo que serão implacáveis.
Não serão. Se não há estrutura e nem disposição para isso. O que vemos são ações esporádicas, planejadas e amplamente divulgadas para passar a impressão de que os governos estão sendo rigorosos.
O poder público fiscaliza pouco. E mal. Se no Brasil uma simples multa de trânsito gera recursos, ranger de dentes e contestações que se arrastam por anos – mesmo que o motorista saiba que errou - por que o resto seria diferente? Fiscalizar, para nós, é sinônimo de autoritarismo. Raras vezes compreendemos que usar autoridade para garantir o cumprimento de regras significa proteção e não ataque.
No mundo ideal, sem paternalismos e habitados por cidadão plenos, não haveria necessidade de polícia ou de poder coercitivo estatal. Mas, para chegarmos lá, precisamos antes ter menos gente entrando pelas portas dos hospitais e mais gente saindo curada por essas mesmas portas.