O jornalista Caio Cigana colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Dados sobre solicitações de internação por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na rede pública da Capital dão indícios de uma possível mudança no comportamento da pandemia quanto às faixas etárias. Na passagem de janeiro para fevereiro, vem caindo proporcionalmente a demanda por leitos de enfermaria e de UTI para o estrato mais idoso da população, normalmente o mais atingido pela covid-19, mas aumentando para os demais grupos, incluindo os jovens.
Em janeiro, o recorte de idade entre 18 e 30 anos respondeu por 1,52% das solicitações de internação. Neste mês, até ontem, a proporção subiu para 2,29%. No caso da faixa entre 31 a 40 anos, passou de 6,6% para 8,1%. No estrato etário de 41 a 60 anos, a participação aumentou de 27,8% para 37%. Já na faixa de 61 anos para cima houve diminuição. A demanda caiu de 63,5% do total em janeiro para 52,65%.
Em números absolutos, foram contabilizados em Porto Alegre, mês passado, 18 pedidos de internação no grupo de 18 a 30 anos. Agora, em apenas 16 dias de fevereiro, já foram 15. Entre a população de 41 a 60 anos, foram 242 neste mês, contra 329 nos 31 dias de janeiro. Mantida a tendência, os números do segundo mês do ano caminham para serem maiores nos três grupos entre 18 e 60 anos.
Responsável pelo monitoramento das UTIs e emergências de Porto Alegre, o médico da Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde Márcio Rodrigues diz que o resultado até agora soa um alerta sobre uma possível mudança na dinâmica da pandemia. Embora existam várias hipóteses, ainda não há conclusões sobre as possíveis causas. Uma possibilidade poderia ser o efeito da vacinação na população mais idosa, mas ainda seria prematuro em função da necessidade da segunda dose da vacina para garantir a cobertura, avalia Rodrigues. São analisadas ainda outras possíveis razões como novas cepas, alteração nos padrões de transmissibilidade do vírus ou mudanças de comportamento da população, especialmente os mais jovens.
— Para nós, acende um alerta — resume Rodrigues.
Uma possibilidade poderia ser o efeito da vacinação na população mais idosa, mas ainda seria prematuro em função da necessidade da segunda dose da vacina para garantir a cobertura.
Proporção de solicitação de internações por faixa etária
- Idade: 0 a 17
- Janeiro: 0,51%
- Fevereiro: 0
- Idade: 18 a 30
- J: 1,52%
- F: 2,29%
- Idade: 31 a 40
- J: 6,6%
- F: 8,1%
- Idade: 41 a 60
- J: 27,8%
- F: 37%
- A partir de 61 anos
- J: 63,5%
- F: 52,6%
Fonte: Sistema de Gestão de Internações (Gerint)