Vote em Hitler. Não estamos na Alemanha da década de 30 do século passado. Estamos no dia 5 de novembro de 2020, em São Leopoldo, Brasil. Hitler Pedersseti é candidato a vereador e tem como plataforma fazer o bem. Nascido em Santa Catarina, chegou ao RS em 2006. Ganhou projeção social pelo trabalho que desenvolve na ONG União ao Próximo, que cuida de animais e de pessoas carentes.
Hitler conta que o nome foi dado pela mãe, que é descendente de escravos africanos.
– Ela é uma pessoa muito humilde, não entendia o que significa o nazismo, morava na roça, longe de tudo, e queria dar um nome diferente para o filho –, explica. – Só não entendo como deixaram isso acontecer no cartório –, desabafa. – Meus amigos e pessoas mais próximas nem me chamam por esse nome, me chamam pelo apelido Hit.
Quando era criança, Hit, hoje com 32 anos, pensou em trocar de nome. A família chegou a procurar advogados, mas o processo não andou.
– Acabei me acostumando, apesar do nojo que tenho por tudo o que essa figura fez e representa–, explica.
O Hitler de São Leopoldo, que teve uma infância humilde e hoje é empreendedor do ramo da construção civil, até já esteve na Alemanha. Lá, fez questão de visitar, em Berlim, os resto do muro que dividia a Alemanha o monumento que lembra os seis milhões de judeus mortos pelo nazi-fascismo.
– Não sei como o humanidade pode ser tão perversa –, afirma.
Entre as dificuldades que enfrenta, estão os ataques e ofensas que recebe nas redes sociais o constante bloqueio de seus posts, barrados pelos mecanismos pouco eficientes para barrar mensagens potencialmente voltadas ao ódio e ao racismo.
– Não entendo como tanta gente pode seguir aquele Hitler –, pondera, enquanto pede votos.