Apontado como possível candidato à Presidência em 2022, Luciano Huck está parado. Ou melhor, parece parado. O apresentador da Globo quase disputou a eleição em 2018. Andava bem nas pesquisas, mas decidiu esperar. Então com 47 anos, tinha – e tem – o tempo a seu favor. Há poucos dias, um dos seus padrinhos políticos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, criticou-o publicamente pelo silêncio em relação à pandemia. "Luciano Huck ficou menor na crise. Doria, maior", disse FHC. O ex-presidente pode até ter razão. Huck sabe, porém, que a eleição não é agora, mas só em 2022. É para lá que deve estar olhando.
A pandemia está causando enormes desgastes políticos ao presidente, aos governadores, ministros e prefeitos, tendência que irá se acentuar com as milhares de mortes e com o desemprego. Seja de que lado os agentes políticos estiverem hoje, haverá uma conta a pagar e explicações a dar. Já Luciano Huck continua fazendo exatamente o mesmo que lhe rende popularidade, especialmente nas camadas menos favorecidas da população: ajudando os mais pobres com doações e ações concretas, cultivando assim a imagem de ser solidário. Se for cobrado lá na frente, terá a resposta pronta: "Eu não tinha mandato e, em vez de brigar e bater boca, estava trabalhando para ajudar o povo".
Engana-se quem pensa que o silêncio de Huck é falta do que falar ou omissão. Quando a fase aguda da pandemia passar, ele terá amplas condições de entrar no debate público com uma visão construtiva de futuro, sem o desgaste da gestão da crise e da polarização das posições sobre saúde, economia, cloroquina, EUA, China, Bolsonaro, Doria e Suécia. Luciano Huck joga parado. O máximo que avançou foi se solidarizar com prefeitos e governadores. Também postou nas suas redes uma baita entrevista com Yuval Harari, autor de Sapiens, Homo Deus e 21 Respostas para o Século 21. Em tom informal e com a profundidade certa, o apresentador do Caldeirão conduziu a conversa sobre coronavírus e futuro, com a visão ampla de quem sabe que a política não é uma corrida de 100 metros, mas sim uma maratona.