Luiz Henrique Mandetta caiu porque “não tinha humildade”. Vinha fazendo um bom trabalho, mas tropeçou no defeito imperdoável de se comunicar bem e de prestar contas à opinião pública através da imprensa. Nelson Teich, mais caladão, foi desautorizado publicamente pelo presidente – que voltou a prescrever cloroquina na porta do Palácio – e acabou não durando um mês no cargo.
Jair Bolsonaro não consegue fazer na área da saúde o que faz, sabiamente, na economia: deixar um especialista cuidar do assunto. Mesmo com alguns escorregões, como o PAC proposto pela ala militar e mais tarde soterrado pelo próprio presidente, que havia autorizado o movimento, Paulo Guedes tem conseguido fazer seu trabalho. Mas na saúde, não. Bolsonaro insiste em pensar que entende do riscado. Quando o assunto é pandemia, só falta trocar o célebre “o Estado sou eu” por “o posto Ipiranga sou eu”.
Desse jeito, nenhum ministro sério aguenta. Bolsonaro impõe a médicos que estudaram anos a mesma hierarquia que funciona numa guerra, mas nem sempre fora dela. Cada vez que diz – e são muitas – “quem manda sou eu”, reconhece, nas entrelinhas, sua falta de liderança. Mandar e liderar são coisas completamente diferentes.
Diante disso, só resta no país um nome capaz de atender às expectativas de Bolsonaro para o enfrentamento da pandemia. Trata-se de uma pessoa conhecida, com a qual o presidente teria livre trânsito e sintonia absoluta, que defende o fim do isolamento e o uso da cloroquina. Meu nome para o Ministério da Saúde é incontestável: Jair Messias Bolsonaro. E com vantagem extra de jamais precisar gravar uma reunião para provar quem disse o quê. Se bem que, dadas as circunstâncias, não se pode descartar o risco de rompimento no futuro.