Um único ditador na Arábia Saudita consegue sacudir o mundo ao decidir derrubar o preço do petróleo. A nova crise dos mercados, que se junta à do coronavírus, tem dois vilões antigos e conhecidos. O primeiro é o petróleo, combustível fóssil que sustenta uma dezena de regimes autoritários, especialmente no Oriente Médio.
Depois, mas não em segundo plano, vem a falta de democracia. Nesses países que têm donos, como a Arábia Saudita, não existe a rede institucional que dá suporte e equilibra o poder. Cinicamente, os Estados Unidos fecham os olhos. Além de ser a principal inimiga do Irã na região, a Arábia Saudita compra zilhões de dólares em armas dos americanos.
A estas alturas, não se justifica mais a excessiva dependência mundial do petróleo. A pesquisa em energias renováveis e limpas avança, trazendo a esperança de um mundo mais saudável e livre de governantes que se sustentam na riqueza fácil para perseguir minorias, desrespeitar mulheres e aniquilar qualquer um que faça oposição.
Petróleo e opressão caminham juntos, de mãos dadas. Não é surpresa que essa parceria gere os efeitos que todos nós sentimos agora.
No ar, na água e no bolso.