O jornalista Caio Cigana colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço.
Em uma compra, no atendimento de clientes de empresas de telecomunicações, em serviços de saúde, em casa, no relacionamento com o banco. Cada vez mais vamos falar e teclar com robôs, que começam a ganhar uma capacidade maior de entender a linguagem, o contexto de um diálogo, sinônimos e gírias. Estima-se que, no ano passado, o Brasil tinha em funcionamento cerca de 60 mil bots – três vezes mais do que em 2018 – que conduziram, a cada mês, aproximadamente 1 bilhão de conversas. E o crescimento seguirá mais acelerado, avisa Rodrigo Scotti, empresário do ramo e um dos fundadores da Associação Brasileira de Inteligência Artificial.
– Já existem algoritmos fantásticos que conseguem traduzir e entender o que a pessoa está falando, compreendendo conceitos, buscando respostas para perguntas e conseguindo, com busca em bancos de dados, dar informações que fazem sentido para os usuários – diz Rodrigo.
As fronteiras, portanto, vão se expandindo para além de respostas automáticas. A Alexa, da Amazon, tem capacidade para interagir por comandos de voz.
É possível pedir uma música, acender uma lâmpada, ter informações sobre o trânsito e previsão do tempo. A Siri, da Apple, facilita os serviços de ligações ou mensagens, alarmes e avisos. Mas um salto é prometido pela Google, que, no final do mês passado, apresentou o seu chatbot Meena que promete conversar como se fosse quase um ser humano, sobre qualquer assunto.
Para quem se irrita com os assistentes virtuais, uma boa e uma má notícia. Eles vão dominar cada vez mais o cenário, inclusive por uma questão de custos para as empresas. Mas também serão cada vez mais sofisticados. Aqueles telefonemas diários que recebemos de números estranhos de várias partes do país não vão cessar. Mas talvez a ligação caia menos ao atender e seja possível explicar educadamente que, no momento, não há interesse no serviço oferecido ou na troca do plano de internet. Aos poucos, diz Rodrigo, empresas e fornecedores de tecnologia vão se entendendo e corrigindo falhas para melhorar a experiência do consumidor. Mas o caminho é sem volta.