O presidente dos Estados Unidos só tem olhos para duas coisas: as eleições de novembro e a ameaça de impeachment. Todos os seus pensamentos e atos são motivados pelo desafio da sobrevivência política. Ao ordenar o assassinato do general Qasem Soleimani, em Bagdá, Donald Trump deu o primeiro - e violento - soco em uma briga que, até então, era essencialmente verbal. Agora, só o que importa é a resposta. Se ela não vier, Trump venceu. Se for tímida, Trump venceu. Se for igualmente ou mais violenta, Trump tem certeza de que vencerá.
O fato de Qasem ter sido morto no Iraque é, por si só, um recado. Washington está disposto a interromper o aumento da influência iraniana no Oriente Médio. O assassinato, a estas alturas, já é passado. Como em um tabuleiro de xadrez cujos movimento são marcados por bombas e mortes, a Casa Branca aguarda, agora, a próxima jogada, a do adversário. Ela definirá o andamento do jogo.
A lógica trumpista não considera ruim a hipótese de uma guerra. A indústria bélica foi uma das suas grandes financiadoras de campanha. Como em qualquer outro negócio, é preciso girar os estoques para poder repô-los. Na área política, a demonstração de força agrada ao eleitorado mais conservador, insuflando o mesmo patriotismo que garantiu a vitória do republicano em 2016. "Vamos fazer a América grande outra vez", foi o slogan vencedor. Derrotar um inimigo poderoso é para Trump, uma prova inequívoca dessa grandeza. O resto, nessa lógica, são apenas danos colaterais indesejados.