Ela fez o caminho inverso da avó. Letícia Sopher Pereyron, 39 anos, saiu do Rio Grande do Sul e atravessou o mundo. Viveu em Londres, na Filadélfia e, atualmente, mora em Sidney, na Austrália, com o marido e seus dois filhos. Nas suas andanças, conheceu mulheres que mereceriam um livro. Foi o que ela fez.
O lançamento de Mulheres e suas bagagens, da Artêra Editorial, será no dia 22 de janeiro, no Theatro São Pedro. Lá, na entrada da plateia, uma das personagens estará, pelo menos em espírito, acompanhando tudo. O capítulo dedicado a Eva Sopher conta a história de duas amigas judias perseguidas pelo nazismo. Uma conseguiu sair da Alemanha – Dona Eva. A outra, não. Além dessa, há histórias de inglesas, americanas, argentinas e uruguaias, todas com “vidas curiosamente interessantes”.
Letícia é professora universitária, especialista em linguística e filha de Ruth – que faz pelo Theatro Treze de Maio, em Santa Maria, o que a avó, Eva, fez pelo São Pedro. Desafiada a descrevê-la em poucas palavras, nem precisou pensar: “Sabedoria, simplicidade e honestidade”. A autora se considera parecida com a avó, especialmente na forma direta de dizer o que pensa.
Eva Sopher nasceu em Frankfurt, em 1923. Com a ascensão do nazismo, foi obrigada a emigrar para o Brasil aos 13 anos. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, chegou a Porto Alegre em 1960. Na capital gaúcha, comandou com voz e mãos fortes a restauração do Theatro São Pedro que, em ruínas, foi salvo por ela da demolição.