Os funcionários dos Correios que entraram em greve estão ajudando, sem querer, a matar a instituição. Não bastassem os problemas gerados pelas facilidades da comunicação via internet e a concorrência dos serviços privados de entrega, agora os maiores interessados em fortalecer a empresa a enfraquecem.
Como quase sempre acontece nesse tipo de radicalização, quem pagará a conta são as pessoas mais pobres, que ainda dependem das entregas dos carteiros para aspectos relevantes da vida. E o transtorno gerado pelos atrasos acaba se transformando em desgaste de imagem e em oportunidade para serviços alternativos.
Já faz tempo que aquela figura querida e simpática do carteiros vem desaparecendo das ruas. O mais lógico, nesse momento, seria trabalhar mais e melhor, e não menos. Importante ressaltar que, em nenhum momento, faço qualquer reparo à legitimidade das pautas levantadas pela categoria. Questiono a forma como o protesto é feito. Em vez de sumir das ruas, os Correios, se quiserem sobreviver, deveriam é aparecer mais.
Por outro lado, é lamentável que o governo federal ajude a sucatear uma instituição tão querida e relevante. Do ponto de vista do interesse público, o correto seria valorizar o patrimônio se a intenção é vendê-lo. Brasília, mais uma vez, olha para o outro lado.